Na área que pertence à usina Barralcol, instalada no sudoeste do Estado, a produção deve ser pelo menos 10% menor do que a prevista.
? Há um destempero no sistema de chuvas. Primeiro foi um ano de seca, agora um ano de chuva, e agora um ano de chuva outra vez, então perdemos em 2009, pois ficamos sem cana, sem colher. Daí veio o ano de 2010 que se iniciou uma seca e foram 168 dias de sol sem chuvas, então iniciou a colheita, foi colhendo, mas a cana foi secando. Como a cana chegou a secar, na hora da máquina colher destruiu muito a raiz, então não nasceu mais cana. Agora este ano veio a chuva, mas não vamos mais recuperar a perda que tivemos com a seca, então vai ser uma safra de 10% a 12% na produção ? explica o diretor superintendente da usina Barralcool, Agostinho Sansão.
O excesso de chuvas prejudicou o plantio das lavouras que estão sendo renovadas e isso deve prolongar os problemas para a próxima safra. As indústrias sentem os reflexos.
A interferência do tempo fez com que o cronograma de algumas usinas e a estratégia de tentar antecipar o início da moagem da cana fosse alterado. Caminhões e máquinas estão parados. Cenário que vai se estender por algumas semanas. A perspectiva é de que as engrenagens só voltem a girar no início de maio, como tentativa de evitar que os impactos sejam maiores.
? Essa medida é inteligente, moer mais tarde em maio é bom para o produtor, e é bom para o mercado sucroalcooleiro, porque no final de abril é que a cana está madura com maior teor de sacarose. Começando mais cedo a gente chega a perder 30 quilos de Açúcar Total Recuperável (ATR), isso não é compensatório e reflete lá no final da produção industrial ? informa o gerente industrial da usina Barralcool, José Raimundo Costa Neto.
Em 2010, as 11 usinas instaladas em Mato Grosso produziram juntas 446 mil toneladas de açúcar e 860 milhões de litros de etanol. A indústria moeu 2.450 milhões toneladas de cana. Com a queda de produtividade, devem ser processadas 50 mil toneladas a menos este ano.
? E os reflexos dentro da indústria? Alteração nos custos, porque com menos produto nós iremos ter um custo maior na transformação aqui dentro da indústria. Nós temos uma perda de 14% do ano passado para o ano retrasado, e de 2010 para 2011 nós iremos ter uma quebra de 10% ? diz o diretor executivo Usina Barralcool, Dante Petroni Neto.
Apesar da preocupação dos empresários, o volume de cana produzido em todo o Estado deve se manter estável. Isso porque a área plantada cresceu quase 10%, segundo o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras (Sindalcool-MT).
? O motivo de tranquilidade é que pelo menos duas usinas devem começar a operar no início de abril. Também a chegada de outra usina no ano passado ampliou o estoque de etanol no Estado ? comenta o diretor do Sindalcool-MT, Jorge dos Santos.