Os dados, ainda preliminares, fazem parte de pesquisa realizada pelo Projeto Estruturante de Manejo Florestal Não Madeireiro da Amazônia. As informações foram apresentadas nesta semana durante o Seminário sobre Plantas Medicinais e Aromáticas, realizado pelo Sebrae na sede da Fundação Getúlio Vargas em Brasília.
A gestora local do projeto em Manaus (AM), Wanderléia dos Santos, apresentou o estudo ao lado do coordenador nacional, Daniel Queiroga. A pesquisa foi realizada com a indústria e contou com amostras de todo o País. O levantamento aponta que a matéria-prima, além de ser considerada de qualidade, apresenta selo para atestar essa característica.
A maior parte das empresas (67,9%) adquire a matéria-prima já processada, em forma de óleo ou extrato. Somente 15,5% recebem o material da forma como foi extraído da planta (in natura).
? Isso mostra que a figura do intermediário está presente nessa cadeia e que ele conhece o mercado e atende as suas necessidades. A idéia não é eliminar esse intermediário, mas melhorar a sua relação com os produtores ? destacou Wanderléia.
Essa aproximação é necessária porque a pesquisa constatou que o intermediário adquire a maior parte da matéria-prima (58,2%) de um distribuidor. Somente 20% do material é adquirido diretamente do produtor que vive na floresta.
O destino dos produtos com essas matérias-primas é o mercado interno. Somente 7% é exportado. Além disso, os dados mostram que uma vez adotada a matéria-prima natural, as empresas não desejam substituí-la pela sintética. Apenas 6% das empresas afirmaram usar a sintética quando a natural não está disponível.
Um dos entraves encontrados no manejo da matéria-prima pelo produtor é o acesso legal e regular aos recursos naturais, o que dificulta a estruturação de cadeias formais de base florestal. Mas, Wanderléia apontou que já existem ações governamentais que sinalizam a preocupação em criar espaços legítimos para a atividade extrativa na Amazônia, nos quais o estoque natural de produtos florestais pode ser acessado.
? Nosso desafio é fazer com que as associações de produtores sejam gestoras de seus negócios e parceiras de empresas no processo de oferecer produtos da floresta com qualidade ? destaca Wanderléia.