O programa Mata Nativa do Ibama de Pernambuco foi responsável pela solução encontrada para o antigo problema ambiental do pólo gesseiro que colocava empresários e órgãos ambientais em conflito constante.
No momento, 15% da lenha utilizada no aquecimento dos fornos são de origem ambientalmente correta do próprio pólo. A lenha sustentável reduz o impacto ambiental sobre a caatinga e também o número de autuações e multas ambientais na região.
? O plano de manejo florestal se transformou em importante ferramenta de gestão ambiental ? observa Francisco Campello, engenheiro florestal e integrante da equipe do Projeto Conservação e Uso Sustentável da caatinga do Ibama, Ministério do Meio Ambiente e Programa de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Pnud).
Cerca de 400 empresas dos municípios de Araripina, Ipubi, Trindade, Bodocó e Ouricuri integram o Arranjo Produtivo Local (APL) do Gesso da região do Araripe Pernambucano. Juntas, elas geram 12 mil empregos diretos e aproximadamente 60 mil indiretos, produzindo 2,8 milhões de toneladas de gesso por ano. O pólo é responsável por 95% da produção de gipsita do Brasil.
Conscientização antes, multa depois
Um total de 51 empresas do pólo gesseiro foram autuadas pelo Mata Nativa. Um ano antes, porém, Ibama, Ministério do Meio Ambiente e Sebrae realizaram campanha de conscientização sobre a capacidade da caatinga se regenerar, demonstrando tecnologia e técnicas disponíveis para o manejo sustentável, de acordo com Campello.
O Sebrae foi importante parceiro na etapa da conscientização dos produtores de gesso nos cinco municípios integrantes do APL do Gesso, de acordo com o engenheiro.
? O que vem ocorrendo no Araripe mostra que é viável manter a matriz energética baseada na queima de biomassa, desde que feita com uso da tecnologia e conhecimento técnico.
No momento, Ibama e Sebrae estão discutindo um programa de eficiência energética a ser implantado no pólo.
? Já temos um forno mais eficiente e vamos trabalhar com oficinas e capacitações. Há pequenas ações que podem garantir mais energia com menos lenha ? diz Campello.
Segundo levantamento do Ibama, o pólo consome 1,5 milhão de metros cúbicos de lenha por ano. Depois da adoção do plano de manejo florestal, 15% das empresas já estão utilizando lenha aprovada pelo Ibama e CPRH do próprio pólo. Há nove meses, eram apenas 3% delas.
Lenha autorizada oriunda da poda dos plantios de caju e algaroba de outras regiões da caatinga é utilizada por 65% das empresas. O restante (20%) usa lenha proveniente de matas nativas derrubadas para uso alternativo do solo (agricultura e pecuária). Dessa última parcela (20%), mais da metade é lenha ilegal, isto é, sem licença adequada de retirada.