O processo de globalização do Brasil está sendo feito por São Paulo, especialmente pelo interior, e por regiões como a de Ribeirão, por causa da cana.
? A região de Ribeirão Preto vai liderar no Brasil e no mundo a transição da era do petróleo no ângulo da energia para a era da biomassa ? prevê o economista Antonio Vicente Golfeto.
Historicamente, Ribeirão Preto depende da produção agrícola. Foi assim no século XIX, com o café, e é agora com a cana-de-açúcar. Mas, curiosamente, Ribeirão não é produtora, como lembra o professor Golfeto, conhecedor da história da região. A cidade, diz ele, é uma consumidora do que a cana fornece:
? A região seria a indústria e agricultura. Ribeirão seria o comércio, a indústria. Ribeirão mostra a região iluminada, mas a produção é da região. O centro de consumo é aqui. E por que Ribeirão é importante? Porque acabou a sociedade da produção. Nós estamos na sociedade de consumo, e o consumo ocorre em Ribeirão Preto. Ribeirão não é a capital. Ribeirão tem o capital.
O município tem 577 mil habitantes, 388 mil são eleitores. A renda per capita passa de R$ 18 mil, dinheiro gerado pelo comércio, pelos serviços, mas que tem origem no agronegócio.
Sessenta por cento dos negócios na cidade estão relacionados com a cana-de-açúcar. Ela é a matéria-prima do etanol e do trabalho de profissionais como Marco Antônio Conejero, especialista em bioenergia. Ele é consultor de empresas, e orienta investidores deste mercado já tão competitivo. Em tempos de biocombustíveis, o que não falta é trabalho pra ele em Ribeirao.
? Considerando o cenário de que o biocombustível vem pra ficar, e ele tem uma importância estratégica não só em termo econômicos, mas também financeiro, espera-se que Riberião Preto venha se colocar como um centro de referência na área de biocombustíveis ? diz Conejero.
Alguns especialistas dizem que o Brasil está vivendo um dos melhores momentos em termos econômicos, em termos de desenvolvimento, e que esta evolução começa em municípios, como Ribeirão Preto. Aliás, é fácil de perceber: em um bairro da cidade, pelo menos oito prédios estão sendo construídos ao mesmo tempo. As grandes regiões que estão revolucionando a economia brasileira têm relação direta com o agronegócio.
Os economistas prevêem que este crescimento coloque Ribeirão Preto nas primeiras posições no ranking econômico do Estado de São Paulo em, no máximo, cinco anos. O município e a região vão concentrar um pólo econômico diversificado, abrangendo os segmentos financeiro, industrial e comercial, que é hoje o mais expressivo na cidade.
Mônika Bergamaschi, diretora executiva da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), diz que está nas mãos das novas administrações públicas boa parte da concretização disto:
? Nós temos um agronegócio altamente tecnificado. Daqui, sai grande gama de produtos que completam a nossa planta de exportação, ranqueado entre os principais produtos de exportação mundial. É claro que qualquer decisão política que seja tomada em qualquer esfera, isto também nos afeta. Então, é muito importante que os dirigentes estejam em bastante sintonia com o que acontece com o setor, com as necessidades dele, que dialogue também com todas estas pessoas, a fim de que o desenvolvimento, que é um interesse comum, se dê da melhor maneira possível.