Paulo Bittar, proprietário há 23 anos de uma farmácia homeopática para humanos em Uberaba (MG), viu na homeopatia veterinária uma forma de expandir o seu negócio. Ele começou em 2002, quando um fazendeiro o procurou para pedir medicamento homeopático.
? Ele queria produzir leite orgânico e para isso não podia usar remédios convencionais para tratar dos animais. Então, comecei a fornecer os medicamentos homeopáticos para ele ? conta.
O baixo custo do tratamento homeopático chamou a atenção de outros fazendeiros da região, que passaram a demandar esses medicamentos.
? A notícia se espalhou e então vi ali uma oportunidade ? diz ele.
Em 2006, Paulo começou a providenciar os trâmites legais para montar a empresa de homeopatia veterinária, mas encontrou dificuldades.
? Não temos uma legislação específica para isso. A saída foi me adequar e cumprir obrigações de uma indústria farmacêutica veterinária ? explica.
As atividades da nova empresa, chamada de Vitae Rural, só começaram neste ano, em agosto. A organização faz parte dos projetos incubados na Unitecne ? Incubadora de Tecnologia da Universidade de Uberaba ? e também compõe o Arranjo Produtivo Local de Biotecnologia do Triângulo Mineiro, apoiado pelo Sebrae e formado por 20 empresas.
A homeopatia existe há cerca de 200 anos no Brasil e que a partir de 1923 começou a ser usada também em animais. Mas somente a partir do ano 2000 esse tipo de tratamento começou a se difundir e ganhar mais espaço no mercado.
Benefícios
A primeira vantagem é sentida no bolso dos produtores rurais. O medicamento homeopático chega a ser de 60% a 90% mais barato que o alopático. O produtor Evaldo Borges, cliente da Vitae Rural, confirma a economia.
? Gasto em torno de R$ 110 por mês com medicamento homeopático para tratar quatro doenças do gado: mastite, mosca do chifre, carrapato e berne. Quando usava a alopatia, só para o carrapato, gastava R$ 50, e o remédio só dava para uma semana ? conta.
Outro ponto positivo é que o remédio homeopático não contamina os produtos do campo, como o leite e a carne. Logo, não contamina o homem. Na alopatia a ação do medicamento é provocar uma reação contrária. Ou seja, se o medicamento for usado para febre, ele atuará para baixá-la. Já a homeopatia faz o organismo trabalhar e criar anticorpos para a cura, atuando diretamente nas causas dos sintomas.
? Na medicação para acabar com carrapatos, há, entre outras substâncias, o uso do próprio carrapato. Isso força o corpo do animal a trabalhar para expulsar esse invasor. Além disso, o uso pode ser preventivo ou curativo ? explica Paulo.
O produtor Evaldo Borges conta que o uso desse tipo de medicamento melhorou significativamente a qualidade do leite produzido na propriedade dele.
? Quem usa homeopatia veterinária também deixa de expor o vaqueiro à intoxicação e colabora com o equilíbrio do meio ambiente ? garante Paulo.
Ele destaca que atualmente há uma valorização crescente por parte do mercado de países desenvolvidos que preferem produtos sem agrotóxicos.