? Além da exaustão dos combustíveis fósseis, e do grande problema ambiental que eles causam, com a diminuição das reservas ficamos cada dia mais dependentes dos países do Oriente Médio ? disse o pesquisador do Centro Nacional de Referência em Biomassa, vinculado ao Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP.
Segundo ele, as energias renováveis serão a única alternativa viável a longo prazo.
? Muitos defendem a energia nuclear, mas se esquecem de que ela só é utilizável para a produção de eletricidade. E o verdadeiro problema energético que enfrentamos não tem relação com a eletricidade e sim com os combustíveis ? afirmou.
Goldemberg destacou que os transportes são responsáveis por mais de 70% de todas as emissões de monóxido de carbono do mundo.
? Eles também são responsáveis por mais de 40% das emissões de óxidos de nitrogênio e por quase 50% do total de hidrocarbonetos ? afirmou.
O cientista explicou que a principal matriz energética utilizada no mundo é o petróleo (35%), seguida do carvão (25%), biomassa tradicional (8,5%), energia nuclear (6%) e o conjunto de todas as energias renováveis (3,4%), incluindo 1,9% de biomassa moderna.
O quadro muda bastante no Brasil: petróleo (44%), energias renováveis (41,8%) ? sendo 13% hídrica e 6,5% biomassa moderna ?, biomassa tradicional (22%), gás natural (7,5%), carvão (7%) e energia nuclear (1,4%).
? É um dos poucos lugares no mundo onde o uso de energias renováveis passa de 50% do total consumido ? disse.
No Estado de São Paulo, segundo Goldemberg, a configuração muda ainda mais: petróleo (40%), cana-de-açúcar (30%), energia hídrica (17%), gás natural (6%), carvão (3%), biomassa tradicional (2%) e outras energias renováveis (2%).
Goldemberg garantiu que a posição do Brasil é confortável em relação ao potencial de exploração do etanol.
? O principal concorrente, que são os Estados Unidos, utilizam o milho. O problema com o milho é que o calor usado para produzir o etanol vem de fora, ao contrário do que ocorre com a cana-de-açúcar. Como a matriz energética deles se baseia em carvão, no fundo, o uso do milho se ressume a transformar carvão em etanol, o que compromete o balanço energético ? explicou.
O cientista encerrou citando o que considera “mitos sobre os biocombustíveis”.
? O primeiro é que a produção de biocombustíveis leva ao desmatamento e à fome. Não há dados que comprovem isso. Ao contrário, vários estudos que vêm sendo feitos desmentem essas falácias ? disse.
Os outros dois mitos, segundo ele, são que os biocombustíveis não reduzem as emissões de gás de efeito estufa e que eles são viáveis apenas em “nichos” como o Brasil.
? Esses mitos também não têm fundamento ? afirmou.