Taxas reduzidas incentivam competitividade na agropecuária uruguaia

Missão brasileira reconhece desvantagens sobre o país vizinhoUm grupo de brasileiros que participou de uma missão técnica ao Uruguai encontrou semelhanças e diferenças na atividade agropecuária entre os dois países. Uma das vantagens dos uruguaios é a taxa reduzida de impostos do setor, o que incentiva a competitividade.

A missão visitou de fazendas a frigoríficos, e passou por um instituto com quase cem anos de pesquisa no setor agropecuário. Os produtores rurais, técnicos e representantes do governo viram de tudo, e descobriram que quanto à carga tributária, os brasileiros saem perdendo feio para os vizinhos.
 
? Aqui (no Uruguai), o imposto, a carga tributária, os custos do produtor, eles são de maneira diferenciada. Nós temos impostos em tudo lá (Brasil) e aqui eles preservam um pouco esta carga tributária em relação aos insumos que são disponibilizados ao produtor ? explica o presidente da Comissão Pecuária de Corte da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Simm.

? Já o Brasil é um país que tem um pouco mais de industrialização. O governo não tem esta preocupação. Eu acho até que nós deveríamos trabalhar muito mais a nossa entidade de classe e buscar uma diferenciação maior desta carga tributária que nós temos em relação a todos os produtos agrícolas ? acrescenta.
 
No Brasil, a carga tributária consome 18% do Produto Interno Bruto do agronegócio. A soja  sai da unidade agrícola com 15% de taxas tributárias. Quando o grão é transformado em óleo, na fábrica, o índice chega a 29%, e se ele for exportado, 44% do valor total do produto serão de impostos.

Os produtores uruguaios também reclamam, como por exemplo, dos custos de produção na lavoura. Os fertilizantes usados nas plantações de arroz custam hoje três vezes mais do que na última safra. Mas eles reconhecem: a taxa de impostos do setor agropecuário é bem menor do que no Brasil.
 
O diretor do Instituto Nacional de Investigação Agropecuária (INIA), Enrique Fernández, revela que a carga é maior sobre outros setores.
 
Segundo ele, considerando os impostos diretos, como o de renda, outros setores têm um pouco mais de carga porque acumulam outros impostos, como aqueles sobre o patrimônio. Enquanto isso, à medida que as indústrias estão perto das cidades, há mais impostos ligados aos municípios.

Um bom exemplo da diferença vem de um frigorífico uruguaio administrado por brasileiros. A unidade abate 25 mil cabeças de gado por mês, e a maior parte da produção vai para o Exterior. Como o Uruguai não cobra impostos de exportação, o mercado da carne fica mais competitivo.
 
? No Brasil nós tínhamos uma situação que era absolutamente insustentável. Onde a empresa organizada que recolhia os seus tributos, que pagava os seus funcionários com carteira assinada competia com empresas que tinham um diferencial que chegava a superar muitas vezes os 20%. Essa empresa conseguia comprar matéria-prima mais cara, vender o produto mais barato e ainda tinha uma rentabilidade que insustentava a empresa organizada. O Uruguai trabalha com a exportação absolutamente desonerada e o mercado interno tem um imposto que não chega a 4% ? afirma Miguel Gularte, presidente da empresa.