O mercado de soja enfrentou uma semana repleta de reviravoltas, à medida que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou um relatório de oferta e demanda que pegou todos de surpresa.
As expectativas do setor foram abaladas quando os números, embora tenham indicado cortes na safra e nos estoques dos EUA para a temporada 2023/24, ainda assim, ficaram acima das previsões dos analistas. Além disso, no cenário global, as reservas projetadas para 2023/24 também superaram as expectativas.
Um fator adicional que exerceu pressão sobre os preços foi a desvalorização do dólar em relação ao real, resultado de um cenário internacional mais favorável, marcado por indicadores positivos nas economias chinesa e norte-americana. A moeda, que havia se aproximado da marca de R$ 5, recuou novamente para a faixa de R$ 4,80 durante a semana.
De acordo com o relatório de setembro do USDA, a safra de soja dos Estados Unidos para 2023/24 foi estimada em 4,146 bilhões de bushels, equivalente a 112,84 milhões de toneladas, com uma produtividade média de 50,1 bushels por acre. Este número superou as projeções iniciais do mercado, que apontavam para 4,139 bilhões de bushels. Vale ressaltar que no relatório anterior, a previsão era ainda mais otimista, com 4,205 bilhões de bushels ou 114,45 milhões de toneladas.
Os estoques finais nos EUA estão projetados em 220 milhões de bushels ou 5,99 milhões de toneladas, enquanto o mercado aguardava um valor de 213 milhões. Em agosto, esse número era ainda maior, com 245 milhões de bushels ou 6,67 milhões de toneladas.
No cenário global, o USDA estimou a safra mundial de soja em 2023/24 em 401,33 milhões de toneladas, uma ligeira queda em relação aos 402,79 milhões projetados em agosto. Os estoques finais foram revisados para baixo, passando de 119,40 milhões para 119,25 milhões de toneladas, ficando acima das expectativas do mercado, que esperava um número de 118,5 milhões de toneladas.
As projeções para as safras de soja na América do Sul indicam uma colheita de 163 milhões de toneladas para o Brasil e 48 milhões de toneladas para a Argentina.
Além disso, a China, um dos maiores importadores mundiais de soja, planeja importar um volume de 100 milhões de toneladas.
O mercado de soja permanece sob a influência desses fatores imprevisíveis, com os investidores monitorando de perto as próximas movimentações do dólar e as condições de plantio e colheita nos Estados Unidos e na América do Sul. À medida que o ano agrícola avança, os produtores e traders terão que se adaptar a essa dinâmica em constante mudança.