CENÁRIO

Chuva ameaça desenvolvimento do trigo no Rio Grande do Sul

Atualmente, grande parte das lavouras de trigo no estado está em fase de floração ou enchimento de grãos

O Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores de trigo no Brasil, está enfrentando desafios significativos em sua safra de trigo deste ano, devido às condições climáticas adversas.

Segundo o boletim da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), as fortes chuvas que têm atingido a região nas últimas semanas causaram impactos nas lavouras de trigo.

Além disso, a combinação de umidade excessiva, altas temperaturas e dias sem sol está criando um ambiente propício para o desenvolvimento de doenças fúngicas.

Atualmente, grande parte das lavouras de trigo no estado está em fase de floração ou enchimento de grãos, o que torna difícil estimar as perdas exatas neste momento.

A avaliação mais precisa só será possível no final do ciclo da safra.

Neste ciclo, o Rio Grande do Sul plantou cerca de um 1,5 milhão de hectares com trigo, distribuídos por todas as regiões do estado, com destaque para o noroeste e um aumento significativo de área no sul.

Inicialmente, a Emater projetava que esta safra poderia resultar em mais de 4,2 milhões de toneladas, tornando-se a segunda maior safra da história.

No entanto, as condições climáticas incertas estão afetando essa estimativa.

Impactos das chuvas no trigo

Muitas lavouras na região do Vale do Taquari ficaram submersas em água por várias horas devido às chuvas intensas.

Isso resultou em plantas com coloração de barro e algumas delas tombaram. No sul do estado, onde as terras são mais baixas, a situação é semelhante. Os produtores estão preocupados com o impacto que a quantidade excessiva de água terá sobre as plantas.

O produtor Emerson Peres destacou a preocupação com o clima instável. “Nós temos apenas dois dias de sol nesta semana, e depois vem a chuva novamente. Estamos fazendo o acompanhamento na expectativa de que não seja necessário fazer mais controle, mas o impacto certamente ocorrerá”, diz.

As entidades do setor enfatizam que mesmo as lavouras de trigo localizadas em terrenos mais altos podem ser afetadas pelas condições climáticas desfavoráveis.

Hamilton Jardim, coordenador da Comissão de Trigo da Farsul, explicou: “Excesso de umidade neste período de formação de grãos, a partir do florescimento, é muito preocupante. A combinação de umidade e temperaturas altas diminui a eficácia dos fungicidas, afetando a qualidade dos grãos.”

Os impactos reais na safra de trigo só serão conhecidos mais para o final do ciclo.

Gilberto Bortolini, assistente técnico regional da Emater em Ijuí, destacou que o plantio de trigo ocorreu em junho e parte em julho, o que resulta em plantas em diferentes estágios de desenvolvimento. A estimativa definitiva da safra e sua qualidade só poderão ser feitas entre o final de setembro e meados de outubro.