A queda vertiginosa dos prêmios da soja vivida no primeiro semestre deste ano deve se repetir em 2024.
Essa é a avaliação do analista de Mercado Vlamir Brandalizze e foi feita durante a Abertura Nacional do Plantio da Soja, na última sexta-feira (29), em Jaciara, Mato Grosso.
Segundo ele, os portos brasileiros têm condições de embarcar cerca de 18 milhões de toneladas de grãos e farelos por mês.
“Nesta nova safra, vamos embarcar mais de 130 milhões de toneladas de soja e farelo e mais de 50 milhões de toneladas de milho, ou seja, já temos programado cerca de 180 milhões de toneladas. Estamos com os portos estrangulados, o que derrubará o prêmio na hora do pico da oferta”.
Para Brandalizze, o Brasil é o maior produtor de soja e de outros grãos do mundo, mas não é o melhor. Essa deficiência, na visão dele, é por conta dos problemas de infraestrutura, portos e armazéns.
“Ainda assim, o Brasil não deve perder o posto de maior exportador de milho, posto que alcançou neste ano e que foi historicamente ocupado pelos Estados Unidos”.
Fatores que impactam o preço
O analista de Mercado da consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, também participou da Abertura Nacional do Plantio da Soja. Ele enxerga que Chicago já está precificado em relação à safra norte-americana e está migrando as suas atenções para o ciclo sul-americano.
“Dito isso, a expectativa em relação a preços é negativa porque temos a previsão de uma grande safra sul-americana, principalmente pela provável recuperação da Argentina, onde o potencial produtivo gira em torno de 45 a 50 milhões de toneladas”.
Segundo ele, o excesso de oferta do grão, a pressão exercida sobre Chicago e em cima dos prêmios são os fatores que tendem a derrubar preços na safra 23/24 de soja.
Produção mundial de soja
Roque afirma que as projeções da Safras mostram que o mundo deve chegar próximo das 400 milhões de toneladas de soja no ano que vem.
“Apesar da grande oferta, não temos problemas de demanda. Aliás, estamos sendo surpreendidos com a China comprando mais do que o esperado do Brasil recentemente. Devemos fechar 2023 com uma exportação de cerca de 98 milhões de toneladas”.
Já Giovani Ferreira, diretor de Conteúdo do Canal Rural, lembra que aproximadamente 60% da produção de soja do mundo está na América do Sul. Ao tomar como base as projeções para a safra vigente, as projeções são as seguites:
- Brasil: cerca de 163 milhões de toneladas
- Argentina: próximo de 50 mi de ton
- Paraguai: aproximadamente 10 mi de ton
- Bolívia e Uruguai: mais ou menos 4 mi de ton cada um