INFRAESTRUTURA

Governo e sociedade civil analisarão viabilidade da Ferrogrão

Há dez anos no papel e com custo estimado em R$ 21 bilhões, a Ferrogrão é um projeto de 933 quilômetros na Região Centro-Oeste

Ferrogrão
Foto: Ministério da Infraestrutura

O Ministério dos Transportes instituiu grupo de trabalho para acompanhamento da estruturação e recebimento de sugestões para o Projeto EF-170, que trata da concessão da Ferrogrão.

O grupo será coordenado pela pasta e contará com a participação de agentes da sociedade civil organizada, como entidades representativas de indígenas. A criação do grupo está em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 18.

Há dez anos no papel e com custo estimado em R$ 21 bilhões, a Ferrogrão é um projeto de 933 quilômetros que pretende ligar a cidade de Sinop, em Mato Grosso, ao Porto de Mirituba, no Pará, formando um corredor de exportação para grãos produzidos na Região Centro-Oeste.

A obra é cara ao agronegócio, que busca diminuir os custos do escoamento de grãos. Empresários do setor esperam, com a implantação da ferrovia, reduzir o preço do frete em R$ 60 a tonelada, o que representaria um ganho de R$ 6 bilhões anuais para as empresas. Já ambientalistas criticam a ferrovia sob o argumento de que estimulará a ocupação ilegal das terras indígenas, mais desmatamento e emissões de carbono.

A portaria dos Transportes diz que o GT terá foco nos aspectos de “viabilidade socioambiental e econômica”, nos instrumentos de “gestão de riscos socioambientais” e nas premissas de “participação e controle social” do Projeto da EF-170. A ideia é que a equipe identifique as partes interessadas no projeto e proponha os termos das condicionantes socioambientais para os estudos de viabilidade da Ferrogrão.

O GT também discutirá as circunstâncias em que será promovida pelo responsável, em conformidade com a legislação de regência, a consulta aos povos indígenas e comunidades tradicionais. “A elaboração e pactuação de um plano de consulta não será objeto deste Grupo de Trabalho, devendo ser realizado posteriormente ou paralelamente junto aos povos indígenas e comunidades tradicionais afetados”, cita a portaria.

A equipe será formada por servidores da pasta e terá a participação, como convidados, “com direito a voz e voto”, dos seguintes entes da sociedade civil: Rede Xingu+; Instituto Kabu; representantes dos autores da Ação Direta de Inconstitucionalidade 6553, protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo PSOL em 2021.