DEBATE

CNA defende manutenção do teor de umidade da soja em 14%

CNA alega que redução para 13%, como defende o Ministério da Agricultura, impacta na renda dos produtores de soja

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defendeu, nesta quarta-feira (1º), em audiência pública do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a manutenção do teor de umidade da soja em 14% no novo padrão oficial de classificação do grão brasileiro.

A audiência, realizada pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, debate, desde segunda-feira (30), o novo texto do Regulamento Técnico da Soja, responsável por definir critérios de classificação da oleaginosa nos requisitos de identidade e qualidade, amostragem, modo de apresentação e marcação ou rotulagem do grão.

Na nova versão do regulamento, o Mapa defende a mudança, de 14% para 13%, do teor de umidade para o grão da soja, ponto que gerou a discordância das entidades representativas dos produtores rurais.

“A CNA se retirou da reunião na quarta porque os produtores não concordam com a redução da umidade de 14% para 13%. Não vamos aceitar essa alteração, pois o primeiro a ser descontado será o produtor e não podemos absorver esse prejuízo”, afirmou o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli.

Arioli explicou que o Brasil já adota o padrão de 14% da umidade desde o início do plantio de soja no Brasil e alterar esse teor impacta no peso dos grãos e, consequentemente, reduz a renda dos produtores, além de exigir adaptações para o controle da umidade no processo de armazenamento que implicam aumentos expressivos nos custos de produção.

“O produtor que tem armazém na propriedade terá um aumento no custo da secagem e diminuição no volume de soja para vender porque o grão estará mais seco. Já o agricultor que não tem estrutura, ele vai mandar sua carga para a indústria e o desconto será maior”, disse.

Segundo o presidente da comissão, aceitar essa mudança significa que o Brasil vai abrir mão de 3 milhões de toneladas, que é o cálculo estimado da perda de peso por conta da menor umidade do produto. “Esse prejuízo não pode ficar com o produtor”.

Arioli afirmou que a CNA está aberta ao diálogo e continuará defendendo a manutenção do teor de umidade da soja de 14% ou uma compensação financeira justa para o produtor rural aceitar a alteração da umidade.