ALTERNATIVA

Agroindustrialização diminui perdas na agricultura familiar

Agroindustrialização diminui perdas na agricultura familiar
José Adelson (de camisa azul) manuseia embalagens com doces de banana | Imagem: Guilherme Soares/Canal Rural BA

Uma vida inteira dedicada à lida com a terra trouxe o pernambucano José Adelson até a cidade de Riachão das Neves, no Oeste da Bahia.

As terras que fazem parte de um projeto irrigado hoje são fonte de sustento e de desenvolvimento para toda a família e a agroindustrialização foi o plano b para diminuir perdas na agricultura familiar.

Ele conta que começou a cultivar banana, mas problemas fitossanitários fez o agricultor escolher a cultura da pinha.

Olhando para os 50 hectares e para os números de produção mais do que satisfatórios que ele tem hoje, José comemora a vinda para a região, que aconteceu em 2009.

“Tem muitas opções aqui, como o agronegócio pra culturas de grão, como é a grande parte do Oeste e tem esses projetos públicos de irrigação que têm um potencial muito grande para a fruticultura. E é exatamente nisso que eu venho apostando e acredito que muitos outros”, disse.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Nordeste é a região brasileira que mais registrou crescimento na produção de grãos ao longo dos últimos anos, com avanço de 10,6% na safra 22/23.

Foram 29,8 milhões de toneladas, mas no campo, a diversificação também é a aposta entre os produtores, que investem cada vez mais na fruticultura e na agroindustrialização.

Agroindustrialização diminui perdas na agricultura familiar
Fazenda em Riachão das Neves no Oeste da Bahia | Imagem: Guilherme Soares/Canal Rural BA

Adailton Custódio conta que a ideia de produzir doce surgiu como uma forma de evitar o desperdício da banana.

“O que sobrava era um índice muito alto e a gente teve a mesma ideia de agregar valor. Hoje eu tenho em média, produção de 180 a 200 kg de doce diário”, conta.

Políticas públicas

Para desenvolver políticas públicas de cooperação e apoio à agricultura familiar nos estados nordestinos, o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste criou a câmara temática do setor, coordenada atualmente pelo secretário de desenvolvimento rural do Rio Grande do Norte, Alexandre Lima.

“O Nordeste possui é 48% do total das propriedades de agricultura familiar do Brasil. Isso, na prática, significa que metade do total das propriedades classificadas como da agricultura familiar no brasil são, estão no nordeste. Nós estamos falando de 1.8 milhões de estabelecimentos,” explica.

Segundo o coordenador, o projeto Sertão Vivo, dedicado à resiliência climática, vai trazer um investimento de R$ 1,8 bilhão para os estados nordestinos, além de ter papel decisivo para o desenvolvimento da agricultura familiar, responsável por grande parte do abastecimento interno.

Segundo Alexandre, 80% do mel, 60% do leite e 90% da mandioca, está essencialmente ligada à produção da agricultura familiar.

“Quando esse grupo social tem a oportunidade de ter políticas públicas que trabalha a sua resiliência, a sua sustentabilidade, nós estamos dando um passo fundamental para o processo de alinhamento desse setor com a com a questão da produção sustentável”, completa.

Resiliência que é a principal característica de um povo acostumado a se adaptar para continuar crescendo cada vez mais.

“O diferencial em primeiro lugar é ter muita garra para vencer e transformar as partes negativas em positivas”, conclui José Adelson.


Quer participar do Canal Rural Bahia? Tem alguma ideia, inovação agrícola ou sugestão de pauta? Clique aqui e envie para o nosso WhatsApp!