No rali non stop, o Ibovespa chega ao último pregão do ano cruzando barreiras históricas e descontando riscos. A continuidade do sentimento otimista será testada hoje pelo IPCA-15 (9h), IGP-M de dezembro (8h) e ainda pela entrevista coletiva de Haddad (10h), em que o ministro da Fazenda deve anunciar as medidas de arrecadação para compensar a renúncia fiscal da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia, que foi prorrogada pelo Congresso até 2027.
Um dos drivers positivos da bolsa ontem foi a intenção de Campos Neto de entregar juros “o mais baixo possível” em 2024, seu último ano como presidente do BC. A declaração, antecipada pela GloboNews no início da tarde desta 4ªF, foi dada em entrevista gravada à jornalista Míriam Leitão antes do Natal, no dia 21, e transmitida na íntegra pela emissora no final da noite de ontem.
RCN evitou, no entanto, mudar a comunicação assumida oficialmente pelo BC nos últimos tempos e reforçou que o atual ritmo de quedas de 0,50 ponto porcentual da Selic segue como o mais “apropriado” no momento.
O mercado sabe que as decisões do Copom em janeiro e março estão dadas, com os cortes de meio ponto contratados. Mas o 2Tri coincidirá com o processo de queda do juro pelo Fed e mudará a dinâmica do fluxo.
Diante da atratividade do carry trade, o estrangeiro já anda comprando Brasil e, se a questão fiscal doméstica for endereçada com cuidado, o Copom pode ser desafiado a acelerar o pace (0,75pb) de queda da taxa básica.
O presidente do BC aproveitou para elogiar o “esforço gigantesco” de Haddad para “enquadrar o fiscal”. Sobre a expansão econômica, disse que as análises econômicas têm errado muito e apontou viés positivo, com chance de o País crescer até mais do que a estimativa de 1,7% apresentada na semana passada pelo RTI.
Hoje, o IPCA-15 de dezembro deve confirmar a tendência de desinflação apontada pela ata do Copom. O indicador vai desacelerar para 0,25%, contra 0,33% em novembro. O alívio dos alimentos e passagens aéreas deve justificar a perda de força da inflação. Já a gasolina deve reduzir o ritmo de queda. O IPCA-15 deve encerrar o ano em 4,56%, abaixo do teto da meta, de 4,75%. Em 2022, subiu 5,90%.
Já para o IGP-M, o mercado espera aceleração para 0,67% em dezembro, contra 0,59% em novembro (piso de 0,42% e teto de 0,91%). Os preços agropecuários no atacado devem continuar a pressionar o dado de inflação.
Ainda na agenda do dia, o Caged (14h) deve indicar a criação de 150 mil postos formais de trabalho em novembro, depois da surpresa positiva de 190.366 vagas em outubro. Às 14h30, o BC divulga o fluxo cambial.
Nos EUA, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego (10h30), as vendas pendentes de imóveis (12h), que têm previsão de alta de 0,5% em novembro entre os economistas, e os estoques de petróleo do DoE (13h).