CENÁRIO

Arroba do boi vai subir neste ano? Veja como deve ser 2024

Recuperação dos preços da carne bovina no mercado internacional será fundamental para haver mudanças na cotação no Brasil

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Foto: Wenderson Araujo/CNA

As perspectivas para o mercado de boi em 2024 indicam que poderá haver mudanças no ciclo pecuário em relação ao ano anterior, como um declínio nos abates de animais e na produção de carne.

Segundo o analista de Safras & Mercado Fernando Iglesias, o ano de 2024 deve sinalizar um abate em torno de 33,94 milhões de cabeças de bovinos, queda de 0,8% se comparado a 2023.

A produção de carne bovina deve atingir 9,39 milhões de toneladas, recuo de 0,77% na comparação ao ano em vigência.

Em contrapartida, as exportações devem atingir um volume recorde, segundo projeções de Safras & Mercado. Iglesias afirma que o Brasil se notabiliza como a melhor alternativa global para o fornecimento de carne bovina e deve embarcar 3,36 milhões de toneladas, com um crescimento de 3,86% na comparação com 2023.

O grande ponto de atenção para o ano leva em conta os preços pagos pelas proteínas de origem animal. Para que haja uma recuperação das cotações, Iglesias pontua que existem duas premissas básicas que precisam ser confirmadas: a recuperação econômica da China e a recomposição da suinocultura do país.

O primeiro ponto tende a mostrar resultados a partir do segundo trimestre, com avanço nos indicadores chineses de emprego, renda e fluxo cambial.

Já o segundo ponto está sendo trabalhado pelo governo chinês com o intuito de enxugar o mercado doméstico, o que permitiria uma recuperação das margens.

“O mais provável é que esse processo se torne mais nítido entre o segundo e o terceiro trimestre”, diz.

A recuperação dos preços da carne bovina no mercado internacional será a peça central para que haja mudanças mais contundentes dos preços da arroba do boi gordo, acredita o analista. Isso aumentaria novamente o peso dos animais padrão China dentro do mercado brasileiro, uma vez que, no final de 2023, praticamente não houve uma diferença considerável de valores entre esses exemplares e boi para o mercado interno.

Por fim, o analista ressalta que a disponibilidade de carne bovina no mercado doméstico tende a ser 3,1% menor em 2024 se comparada ao último ano, atingindo 6,07 milhões de toneladas em equivalente carcaça.

Como a população brasileira ainda deverá apresentar dificuldades em relação ao poder de compra, somada ao fato de que a moeda brasileira tende a ficar um pouco mais desvalorizada, o setor de carnes brasileiro tende a priorizar as exportações ao longo do ano.