SITUAÇÃO CRÍTICA

Município de SP estima quebra de soja em 30%; produtores pedem socorro

Entre novembro e dezembro do ano passado, houve dias em que a temperatura passou de 42°C em Paranapanema, quando a média é de 28°C

Lavoura de soja seca em Mato Grosso do Sul quebra, la niña, estiagem
Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

O município de Paranapanema possui mais de 400 produtores de soja é um dos principais fornecedores do grão do estado de São Paulo. Porém, nesta temporada 2023/24, o Sindicato Rural local estima quebra de safra de 30%.

Segundo o presidente da entidade, Cássio de Oliveira Leme, existem por lá sojicultores que perderam glebas inteiras. “A seca tem prejudicado até as propriedades irrigadas”, afirma.

De acordo com ele, os resultados do município têm sido, em média, de 30 a 40 sacas por hectare. “É a maior seca de que temos notícia, numa situação que fica pior com as altas temperaturas”, explica.

Em Paranapanema, entre novembro e dezembro, houve dias em que a temperatura passou de 42°C, quando a média do período ficava em torno de 28°C.

Para Leme, a situação é muito preocupante, tendo em vista que a soja é das plantas mais resistentes ao calor. “A soja é resistente e mesmo assim ela se perdeu. É uma planta que tem mecanismo de compensação, reemitindo flores, mas a planta não deu conta”, lamenta.

Falta de seguro

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Foto: Envato

Em vista da proteção natural da soja, grande parte dos produtores não costuma fazer seguro dessas plantações. Na avaliação do presidente do Sindicato, em sua região, metade dos produtores não contam com a ferramenta, o que agrava o atual cenário.

Além da seca e das altas temperaturas, os produtores paulistas estão enfrentando outro grave problema, assim como os dos demais estados produtores brasileiros. Isso porque, mesmo com a quebra de safra, os preços da soja estão caindo.

“Não sabemos se é só especulação de mercado, mas estamos atentos, estranhando esse movimento”, disse Leme.

Mitigação da quebra de safra de soja

Uma alternativa discutida entre os produtores são os meios de mitigação das perdas com vistas não só para esta safra, mas para os ciclos futuros.

“Com a quebra de safra e os preços em movimento de retração maior que os custos, pressionando as margens de lucros dos produtores, o mais importante agora, avaliam, é que os empréstimos atuais sejam prolongados a juros aceitáveis”, finalizou.

Faesp busca soluções

Por meio de ofícios e reuniões com autoridades do setor, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) informa que buscou a interlocução com o governo do Estado e com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para que os produtores paulistas tenham como renegociar dívidas e expandir prazos de pagamentos de empréstimos.

O aporte de recursos para o seguro rural também está na pauta, diz a entidade. Assim, as medidas para mitigação da quebra de safra têm sido levantadas em encontros com os sindicatos e os produtores.

Na última quinta-feira (1), o governador Tarcísio de Freitas anunciou recursos da ordem de R$ 90 milhões para o programa estadual de subvenção ao prêmio do seguro rural. Outra linha, de R$ 50 milhões, será oferecida para financiar custeio emergencial.

“Temos uma medida que diferencia o estado de São Paulo e o coloca na vanguarda, uma vez que, no âmbito federal, o Mapa ainda negocia recursos para conseguir apresentar medidas de apoio aos produtores e, no caso da subvenção ao seguro rural, o cenário é bastante desolador, pois não há possibilidade de suplementação em 2024”, avaliou o presidente eleito da Faesp, Tirso Meirelles.