Com uma história que se estende por mais de 200 milhões de anos e cerca de 1.300 espécies identificadas, o bambu compõe 3% das florestas globais. Apesar da vasta diversidade e da longa trajetória, esta fibra ainda não alcançou seu pleno potencial no setor industrial, segundo aponta a International Network for Bamboo and Rattan (Inbar), uma organização não governamental que se dedica ao estudo do bambu.
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A diversidade do bambu permite a utilização do material em diversas construções, substituindo a madeira e tornando a obra mais barata e sustentável. A Estação de Pesquisa em Agroecologia do IDR-Paraná, em Pinhais, conta com várias bioconstruções em bambu como estufas para hortaliças, galinheiro, pocilga para suínos, curral para bezerros, barracas de feira e exposição, além de estruturas, suportes e mesas de bambu.
Nailton de Lima, professor especialista em bambu e auxiliar técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), afirma que a “bambuzeria” da estação funciona como uma vitrine, na qual o agricultor tem a oportunidade de conhecer tudo que pode ser feito com o bambu.
“Eu estou sempre falando que você pode estar dentro de uma casa de bambu, sentado em uma cadeira de bambu, andando de bicicleta de bambu e comendo broto de bambu. Então, é um leque enorme de possibilidades com o bambu”, comenta.
Segundo Juliana Cortez, presidente da Associação Brasileira do Bambu (BambuBR), fóruns, leis estaduais, parcerias com empresas privadas, órgãos do governo e instituições internacionais são ações que acompanham o bambu no Brasil. “A demonstração do potencial desta planta não só para essas organizações, mas também para a sociedade é uma responsabilidade e tarefa de todos os envolvidos neste segmento”, explica Juliana.
O caráter renovável e os usos múltiplos fazem do bambu uma excelente alternativa de produção para agricultores familiares e uma opção de negócio sustentável para o país, com benefícios econômicos, sociais e ambientais. De acordo com Juliana a parceria com indústrias do segmento pode gerar a busca por matéria prima em abundância, consequentemente havendo necessidade por criação de novas áreas plantadas. “Desta forma, o bambu poderá integrar parte das propriedades dos produtores já estabelecidos na região, contribuindo para aumento de renda e melhoria na qualidade de vida. Com a demanda por matéria prima em escala, naturalmente o tipo de operação deve passar por melhoria de processos, visando melhores resultados na segurança, qualidade dos produtos e eficiência na produção”, esclarece.
Produção agrícola
Perene, de rápido crescimento (algumas espécies crescem até 20 centímetros por dia) e fácil regeneração, o bambu pode produzir por mais de 30 anos, sem a necessidade de replantio. Para o professor Nailton o que impede que mais agricultores trabalhem com o bambu é a falta de compreensão. “Além de não conhecerem sobre o bambu também perderam os conhecimentos dos ancestrais na agricultura, como por exemplo saber quando um bambu está maduro, qual a melhor lua para colheita, identificar a melhor espécie para cada uso, entre outros pontos”, afirma Nailton.
Nailton esclarece, ainda, que a extração regular, com base em orientações técnicas, ajuda a planejar a produção, facilita a colheita e permite o surgimento de novas plantas, aspecto que garante a manutenção do bambuzal e sustentabilidade à atividade. “O bambu é um bom sequestrador de carbono e isso contribui para o rápido crescimento. Com uma adubação e manejo corretos é possível acelerar o crescimento dele contribuindo para o agricultor ter mais matéria prima. Aqui as espécies mais comuns são o bambu verde, tuldoides, cana da índia usado na modelaria e artesanato”.
O produtor Fabio Remuszka, de Campina Grande do Sul, o maior desafio é a mão de obra, além do conhecimento. “Sempre que vamos vender ou trabalhar com o bambu, antes temos que dar uma aula, fazer uma ‘pré-educação’ do que é possível fazer com o bambu.
Fábio, que é arquiteto e já trambalhava com bambu, fechou parceria com uma propriedade para produção e colheita. Ele reforça que o bambu tem um grande mercado, mas ficamos atrás da China que é o grande produtor do mundo.
“O brasil está engatinhando ainda. É um mercado que cresce devagar, a passos lentos, falta união dos produtores e conhecimento do mercado. É como o ferro. Você pode ter até mina de ferro, mas não adianta ter a mina se você não tem os produtos a serem criados a partir do ferro. Você fica só com a matéria prima”.