A partir desta quinta-feira (6), o Brasil passa a exportar noz-pecã para a China. Protocolo assinado entre as duas nações estabeleceu os requisitos sanitários e de quarentena para o embarque do produto após negociações que tiveram início em 2019.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan), da produção mundial de 320 mil toneladas do fruto, o país asiático compra 45 mil. Atualmente, o Brasil é quarto maior produtor, ficando atrás dos Estados Unidos, México e África do Sul.
Rio Grande do Sul é o maior produtor
No Brasil, o Rio Grande do Sul responde por cerca de 70% da oferta nacional, mas essa realidade pode estar em risco com as fortes enchentes que devastaram o estado.
Por lá, a colheita estava começando quando os temporais deram início. Assim, o setor acumula perdas de produção, pomares e estruturas. Agora, precisa de auxílio para seguir em frente.
A expectativa gaúcha era de colher 4 mil toneladas de noz-pecã, mas as perdas já são calculadas em 80%. Essa redução agrava ainda mais os resultados, visto que a colheita do fruto é de bienualidade, ou seja, um ano cheio e outro mais baixo. Este ano já seria naturalmente menor.
“Nós tivemos praticamente todos os tipos de perdas. Tivemos pomares em que uma parte correu morro abaixo, com perda total, outros com perda parcial. O dano foi especialmente no solo, que a chuva lavou e levou toda a fertilidade, além de boa parte da produção desse ano que também foi por água abaixo. Também tivemos perdas importantes em açudes, em casa de bombas”, enumera o presidente do IBPecan, Eduardo Basso.
Perdas no pomar de noz-pecã
Em um pomar do município de Anta Gorda, no Vale do Taquari, a produção já havia sido prejudicada pelas chuvas que afetaram a fase de polinização da cultura. Agora, a estimativa é que as perdas possam chegar a 84% da produção.
“Nesse período, perdemos entre 30% e 40% da produção. Agora, com as enchentes, dos 60% que sobraram, mais de 50% foram atingidos. Então em uma safra em que nós esperávamos colher entre 40 e 50 toneladas, vamos conseguir entre 5 e 8 toneladas apenas”, conta a engenheira agrônoma e produtora Victória Pitol.
Cultura de alto investimento
A noz-pecã é uma cultura de alto investimento. São necessários pelo menos R$ 150 mil para implantar um pomar de 1 hectare e que só vai produzir de forma satisfatória em 7 anos.
Por isso, o IBPecan solicitou aos governos estadual e federal R$ 260 milhões como forma de ajudar os produtores a se reestruturarem e já planejarem as próximas safras.
Ao todo, o Brasil possui 10 mil hectares cultivados com noz-pecan, sendo 7 mil deles no Rio Grande do Sul. A região que mais produz é o Vale do Taquari, ao passo que a de maior área plantada é a central, como Cachoeira do Sul e Santa Maria. Das 1.600 famílias produtoras no estado, 584 foram atingidas.