As condições da safra norte-americana de soja estão mais positivas do que o esperado. Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a ser publicado nesta semana, deve refletir este panorama e cortar ligeiramente as projeções do ciclo brasileiro por conta do desastre no Rio Grande do Sul.
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Relatório do USDA
Nesta quarta-feira (12), haverá mais uma atualização dos números da oferta e demanda mundial de soja, feito mensalmente pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O mercado espera a manutenção do otimismo em relação à safra norte-americana, que poderá trazer uma produção acima de 120 milhões de toneladas.
No Brasil, por conta das perdas de produção no Rio Grande do Sul, é possível que se tenha mais uma diminuição na expectativa de produção. Contudo, é provável que o órgão mantenha a projeção da safra acima de 150 milhões de toneladas. Para a Argentina, não deve haver mudanças significativas. De forma geral, o relatório deve reforçar o estabelecimento de uma oferta satisfatória neste ano.
Safra de soja norte-americana
O Monitor de Seca indicou uma redução na área afetada pela seca para 2%, comparado a 3% na semana passada. No mesmo período do ano passado, essa área era de 39%. Isso demonstra uma condição significativamente mais favorável nesta safra, que está na fase final de plantio.
Esse cenário tem trazido conforto ao mercado e deve continuar impactando negativamente as cotações em Chicago.
Evolução do plantio
De acordo com a última atualização das condições de safra feita pelo USDA na segunda-feira (3), o plantio avançou cerca de 10%, alcançando 78% da área total projetada. Embora o ritmo de plantio esteja inferior ao do mesmo período do ano passado, ele supera a média dos últimos cinco anos, que é de 73%.
Nesta semana, o plantio deve alcançar cerca de 90% da área projetada, entrando na fase de conclusão. Isso tem contribuído para o sentimento positivo do mercado em relação à oferta e, também, pressionado as cotações de Chicago.
Medida Provisória 1.227
Durante a semana, a Medida Provisória 1.227/2024 surpreendeu as empresas originadoras de grãos, que foram obrigadas a suspender temporariamente as compras para recalcular suas margens. A Lei Kandir, aprovada em 1996, que isentava a cobrança de ICMS nas exportações de produtos primários e semielaborados, foi substituída pela MP, que retirou esse benefício.
Caso seja aprovada pelo Congresso, poderá provocar queda de 4% no preço da soja ao produtor, de acordo com estimativa inicial da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Diante deste cenário, o mercado reforçou as atenções para a safra norte-americana, que poderá oferecer melhores condições de negociações nos próximos meses.
“Diante das boas perspectivas de oferta, principalmente nos Estados Unidos, nesta semana, poderemos ver novos movimentos de recuo nos preços em Chicago, podendo impactar as cotações brasileiras”, analisam os consultores da plataforma.