PERDAS DE PRODUTIVIDADE

Baixa incidência de anomalia da soja em 23/24 impediu avaliação de técnicas de manejo

Pesquisa identificou que a podridão dos grãos ocorre em Mato Grosso por conta da proximidade com o bioma amazônico, que proporciona maior frequência de chuvas

anomalia da soja
Anomalia da soja. Foto: Renan Haach

As ocorrências de quebramento de haste e podridão de grãos na cultura da soja têm sido relatadas com maior frequência nos últimos anos.

A podridão de grãos ocorre desde a safra 2018/19 na região médio-norte de Mato Grosso e em Rondônia, enquanto o quebramento de haste desde 2020/21, também nessa região mato-grossense, assim como nos estados do Paraná e de Santa Catarina na safra 2023/2024.

Fungos causadores

Para falar do tema, o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Sérgio Brommonschenkel, participou de painel na Reunião de Pesquisa de Soja, promovida pela Embrapa Soja, de 26 a 27 de junho, em Londrina, no Paraná.

“Minha principal questão foi mostrar os diferentes sintomas que têm sido relatados e apontar os causados por fungos e aqueles causados por outros fatores (não biológicos)”, esclarece.

Segundo ele, os fungos que predominam, no caso da podridão de grãos e vagens, são espécies de Diaporthe, Fusarium, Colletotrichum. “Esses fungos podem ser encontrados de forma latente nas plantas e causam sintomas na fase final do enchimento de grãos, em determinadas condições climáticas”.

O professor contou que o problema da podridão ocorre em Mato Grosso, especialmente na BR 163, por conta da proximidade com o bioma amazônico que proporciona maior frequência de chuvas, ocasionando em maiores períodos de acúmulo de umidade no final do enchimento de vagens. “Quando esses fatores coincidem, temos maior incidência da podridão de grãos e vagens”, disse.

Menor incidência na safra 23/24

quebramento das hastes de soja - anomalia
Foto: Divulgação Fundação MT

Apesar dos desafios que envolvem a podridão de grãos e vagens, na safra 2023/2024, houve menor incidência do problema por conta da menor pluviosidade, em decorrência do fenômeno El Nino.

“Desde que começamos a tentar identificar as causas e as estratégias de manejo para esses problemas, tínhamos o clima como fator determinante. A presença de molhamento na finalização do enchimento de grãos e na maturação é preponderante para se observar os sintomas”, afirma a fitopatologista Karla Kudlawiec, da SLC Agrícola.

Tanto em Mato Grosso quanto no Paraná, dois importantes estados produtores de soja, na safra 2023/2024, os levantamentos demonstraram que a área de ocorrência de quebramento da haste foi pouco expressiva.

No Paraná, o quebramento da haste foi constatado com certa intensidade na região do Vale do Ivaí, em áreas de baixa altitude, inferiores a 500 m, onde geralmente as temperaturas são mais elevadas.

Podridão dos grãos de soja

Quanto à podridão de grãos, Karla explica que não foi possível avaliar se a estratégia de manejo definida seria eficiente. “Não pudemos avaliar se os manejos estabelecidos, com a rotação de diferentes princípios ativos dos fungicidas, foi eficiente porque houve baixa incidência do problema”, ressalta.

Para abordar a seleção de cultivares para quebramento da haste e podridão de grãos, o painel contou com a participação de Neucimara Ribeiro, da GDM Genética. “Já fizemos vários testes para identificar a causa e tentativas de seleção de genótipos para o problema. Mas, como ainda não há certeza das causas, ainda precisamos aguardar para avançar”, constata.