PONTOS DE ATENÇÃO

Queda de preços da soja em julho e aumento de produção argentina em 24/25 movimentam o mercado

Alta do câmbio freou redução maior da oleaginosa no Brasil, enquanto Chicago sofreu desvalorização por expectativa de super safra mundial

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Colheita de soja | Foto: Wenderson Araujo/Trilux

Os preços domésticos da soja cederam em julho na maioria das praças de comercialização. Os negócios evoluíram, ainda que moderadamente, com produtores aproveitando alguns repiques, principalmente ocasionados pelo câmbio.

A pressão sobre as cotações internas foi exercida pela queda nos contratos futuros na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), imposta pelo clima favorável ao desenvolvimento das lavouras.

No final de julho, a posição novembro estava em US$ 10,22 1/2 por bushel, com desvalorização de 7,4% no acumulado mensal.

Desvalorização da soja em julho

A saca de 60 quilos recuou nas principais praças brasileiras ao longo de julho. Veja exemplos:

  • Passo Fundo (RS): de R$ 138 para R$ 133
  • Cascavel (PR): baixou de R$ 134,50 para R$ 129
  • Rondonópolis (MT): subiu R$ 128 para R$ 129
  • Porto de Paranaguá (PR): recuou de R$ 144 para R$ 138

A baixa nos referenciais brasileiros não foi tão intensa devido ao câmbio. Em julho, a moeda norte-americana subiu 1,12%, encerrando o mês na casa de R$ 5,65. Nos primeiros dias de agosto, subiu ainda mais, superando a barreira de R$ 5,73 e batendo no maior patamar desde dezembro de 2021.

Fator Argentina

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Foto: Montagem Canal Rural

A intenção de plantio de soja na Argentina na temporada 2024/25 está estimada em 18,2 milhões de hectares, segundo dados de Safras & Mercado, marcando um aumento de quase 1 milhão de hectares em relação à campanha anterior.

A principal causa do aumento da área seria a menor disposição do produtor em plantar milho, em função da cigarrinha, voltando-se em maior medida para a soja e em menor para o sorgo e o girassol. A confirmar-se esta estimativa, seria a maior superfície desde a campanha 2015/16.

Em relação aos rendimentos, os resultados alcançados na campanha anterior 2023/24 foram positivos. Com isso, a primeira projeção para 2024/25 coloca rendimentos apenas 3% superiores, passando de 2.961 kg/ha para 3.055 kg/ha.

Expectativa de produção de soja

A produção esperada de soja para a temporada 2024/25 no país vizinho é de 55,3 milhões de toneladas, um aumento de aproximadamente 11% em relação à campanha 2023/24.

“É importante lembrar que o plantio de soja na Argentina começa no final de outubro e início de novembro e se estende até o final de janeiro. O número final de plantio estará ligado ao clima que incentivará ou não o plantio precoce do milho. Caso não ocorram as chuvas oportunas para a semeadura do milho precoce, que começa em setembro e se estende até o início de dezembro, é provável que o produtor, em vez de recorrer ao milho tardio, opte pela soja tardia”, explicou o analista Joaquín Azpiroz Arias.

Passando ao clima, os modelos para a Argentina preveem um evento La Niña para a safra 2024/25, embora não se espere que tenha a mesma intensidade do que aconteceu na temporada 2022/23, quando o país passou por forte seca nas principais regiões produtoras, que quebrou a safra de soja.