A situação das barragens brasileiras continua preocupante, mesmo após os desastres em Mariana e Brumadinho. De acordo com o Relatório de Segurança de Barragens (RSB 2023), divulgado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) em junho deste ano, 1.591 estruturas no país apresentam alto risco e potencial de dano em caso de rompimento, representando 6% do total estudado. A pesquisa avaliou 25.943 barragens em 2023, sendo que apenas 5.916 estão enquadradas na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB).
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Rogério Neves, CEO da CPE Tecnologia, uma empresa que atua no mercado de geotecnologia, ressalta a gravidade do cenário. “Se desse total, mais de 1,5 mil estão em grau de alto risco, significa que o poder público e a iniciativa privada devem agir rapidamente para prevenir novas catástrofes, como as que ocorreram em Mariana e Brumadinho”, alerta o executivo. Ele destaca ainda que os dois desastres já deveriam ter sido suficientes para que as áreas em risco fossem desativadas e para que outras passassem a ser monitoradas com mais rigor e tecnologias avançadas.
Necessidade de investimento em monitoramento
Neves sugere que uma solução seria incluir investimentos em tecnologias no Novo PAC do governo federal. “É essencial que os aportes contemplem não apenas a construção, mas também o monitoramento frequente e a modernização das estruturas existentes em todo o país”, aponta. Segundo ele, esses recursos devem incluir ferramentas tecnológicas capazes de auxiliar os profissionais na tomada de decisões, por meio do mapeamento e concepção de cenários precisos.
Dados alarmantes
O relatório da ANA também revela que, em 2023, ocorreram 50 acidentes ou incidentes em barragens, principalmente devido a chuvas intensas e acúmulo de água. Além disso, 229 estruturas foram classificadas como prioritárias para revisão de segurança, das quais 170 já apresentavam os mesmos problemas em anos anteriores. “Praticamente todos os números desse levantamento nos revelam um cenário alarmante. Precisamos de ação urgente, tanto do poder público quanto das empresas. Temos tecnologia e expertise para isso, então é hora de agir”, conclui Neves.