INOVAÇÃO

Vem aí o carro voador brasileiro: Embraer já recebeu R$ 700 mi para projeto

Recursos do Fundo Clima impulsionam o desenvolvimento e a produção comercial do eVTOL no país

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Foto: Eve Air Mobility/divulgação

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 200 milhões para a Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer, dar continuidade ao desenvolvimento de protótipos do veículo eVTOL, conhecido como “carro voador”. O recurso, proveniente do Fundo Clima, será destinado à fabricação do modelo comercial e à transição da fase de protótipos para a certificação e produção.

A Eve já havia recebido, em outubro, R$ 500 milhões do BNDES para a construção de sua unidade de produção em Taubaté (SP), com recursos do programa BNDES Mais Inovação. O investimento incluiu também a campanha de testes para a certificação da aeronave pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O que é o carro voador

A sigla eVTol significa, em inglês, veículo elétrico de pouso e decolagem vertical, combinando vantagens de aviões elétricos e de helicópteros. O carro voador deve ser utilizado prioritarimente em voos urbanos e turísticos, daí ser chamado de “carro”, oferecendo mais conforto e menor nível de ruído que aeronaves usadas com essa finalidade atualmente.

Conforme a Eve, o carro voador utiliza uma configuração de decolagem e cruzeiro com rotores dedicados para o voo vertical e asas fixas para voar em cruzeiro. O conceito mais recente da empresa inclui um propulsor elétrico duplo, o que garantiria alto desempenho e segurança. A empresa ainda afirma que o veículo tem baixo custo operacional, menos peças, estruturas e sistemas otimizados, tudo isso com baixo ruído operacional.

Para Johann Bordais, CEO da Eve, o financiamento é estratégico para o avanço do projeto. “Esse apoio fortalece nossa posição financeira e permite atingir marcos fundamentais, como a certificação e a comercialização do eVTOL”, afirmou.

Eduardo Couto, CFO da empresa, destacou que o investimento representa um voto de confiança no projeto e fortalece a liderança da Eve no mercado global de mobilidade aérea urbana.

Carro voador tem indústria ‘verde’

A fábrica em Taubaté se tornou um símbolo de inovação e desenvolvimento regional. Segundo Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, o projeto contribui para a geração de empregos qualificados e posiciona o Brasil no mercado de tecnologia disruptiva e sustentável. “Estamos investindo em uma indústria verde e fortalecendo a posição do país na transição energética”, destacou. No total, o BNDES já destinou R$ 700 milhões para o projeto em 2024.

O eVTOL da Eve também é considerado um marco para a descarbonização. A Anac recentemente publicou os critérios finais de aeronavegabilidade, permitindo que a empresa avance na certificação do veículo. Esse é considerado um passo essencial para a comercialização do carro voador e segue alinhado às diretrizes da Política Nacional sobre Mudança do Clima.

Fundo Clima e política industrial brasileira

O financiamento faz parte do Fundo Clima, gerido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A iniciativa apoia projetos que promovem a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a adaptação às mudanças climáticas.

José Luís Gordon, diretor do BNDES, afirma que o projeto da Eve se enquadra na modalidade indústria verde, com foco em eficiência e qualidade de vida. “É um projeto inovador que reflete a nova política industrial do governo federal, fomentando o desenvolvimento tecnológico e sustentável”, afirmou.

O eVTOL promete transformar o transporte urbano e consolidar o Brasil como um dos principais players no mercado de mobilidade aérea, aliando inovação, sustentabilidade e geração de valor econômico.