Documentos de inspeção realizados em 2019 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) mostram que a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava o Tocantins ao Maranhão e desabou, apresentava diversos problemas. A informação foi divulgada pelo portal G1 e pela TV Anhanguera.
O documento traz diversos apontamentos e recomendações necessárias para que o trecho fosse seguro para o tráfego. Segundo o relatório, em 1998, a ponte passou por reforma, e o pavimento, que era de concreto, foi substituído por asfalto. Entretanto, com o passar do tempo, foram identificados problemas como desnivelamento do trecho, fissuras nos pavimentos, rupturas no vão da estrutura e rachaduras em todos os pilares, entre outros.
O que diz o DNIT
O órgão afirmou que, em 2021, um contrato foi firmado por meio do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (PROARTE) para atender à ponte e outros trechos na BR-226, com um aporte de R$ 3,5 milhões. Durante esse período, foram realizados reparos nas vigas, na laje, nos passeios e nos pilares da estrutura.
Em 2024, um novo edital foi aberto, com valor aproximado de R$ 13 milhões, para novas intervenções na estrutura. Entretanto, o DNIT informou que o certame foi considerado fracassado, pois nenhuma empresa conseguiu comprovar a habilitação necessária para a execução dos serviços.
O órgão também informou que está vigente outro contrato de manutenção da BR-226/TO, com duração até julho de 2026, que prevê a execução de serviços para melhorar a trafegabilidade da rodovia.
O portal G1 e a TV Anhanguera tiveram acesso a este último edital para a reforma da ponte. O documento indica a existência de vibrações excessivas, além de desgaste visível nas estruturas e no pavimento, havendo a necessidade de “reabilitação” da via.
Relembre
O desabamento do vão central da ponte aconteceu no dia 22. De acordo com as autoridades, dez veículos de pequeno e grande porte estavam em trânsito no momento do colapso. Até ontem (25), foram encontrados seis corpos, e 11 pessoas permanecem desaparecidas.
Contaminação
Entre os veículos envolvidos na tragédia, haviam carretas transportando mais de 70 toneladas de ácido sulfúrico e uma com agrotóxicos. Hoje cedo, em entrevista à TV Mirante, o supervisor de Emergência Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente do Maranhão (Sema), Caco Graça, informou que os tanques dos caminhões que caíram no Rio Tocantins, após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, transportando 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas, estão intactos e o risco de vazamento e contaminação do meio ambiental é mínimo.
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Tocantins (Semarh), as cargas podem representar riscos à saúde pública e ao meio ambiente, com potencial contaminação da água.
O Ministério Público Federal (MPF) também iniciou uma investigação sobre os possíveis danos ambientais causados pelas cargas de ácido sulfúrico e defensivos agrícolas submersos, além de outras consequências do colapso da ponte. As buscas submersas pelos desaparecidos foram liberadas.