Considerada a nova fronteira agrícola de Goiás e do Centro-Oeste brasileiro, a região do Vale do Araguaia já produz cerca de 10% da safra de soja e 15% do milho do estado.
No entanto, em evento realizado nesta sexta-feira (14) por produtores rurais e pela Federação da Agricultura de Goiás (Faeg), destacou-se que a região tem potencial para aumentar sua área agricultável em pelo menos 50% no curto-prazo.
Se isso for feito, a safra agrícola goiana pode ser elevada para mais de 50 milhões de toneladas ao ano, número que consolidaria Goiás como o terceiro maior produtor de grãos do país. Mato Grosso lidera e Paraná e Rio Grande do Sul revezam a segunda colocação, a depender da quebra de safra que cada um vivencia ano a ano.
Em território goiano, a temporada 2024/25 está prevista em 36 milhões de toneladas, a maior na história do agronegócio do estado.
- Veja em primeira mão tudo sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo: siga o Canal Rural no Google News!
No evento com os produtores que contou com a presença do governador em exercício Daniel Vilela e de prefeitos de 10 municípios do Vale do Araguaia, ficou claro que para que essas perspectivas positivas se tornem realidade, existem desafios a serem superados. E o principal deles é garantir o fornecimento de energia elétrica.
Na ocasião, o governo anunciou o projeto de duplicar a rodovia estadual GO-164, que faz a ligação do Vale do Araguaia (a partir de São Miguel do Araguaia) até o sul e o sudoeste goiano. Além disso, serão recuperados mil quilômetros da malha rodoviária goiana, com foco em importantes estradas da região produtora.
O produtor rural e ex-prefeito de Trindade, Jânio Darrot, afirmou que o Vale do Araguaia vive uma transformação acelerada, com áreas propícias para produção agrícola e maior produtividade.
“Além da grande disponibilidade de terras, outro fator decisivo para que a região se destaque no agronegócio é seu enorme potencial hídrico. Com irrigação, podemos transformar uma área de pastagem degradada e produzir três vezes mais que em área não irrigada”, afirma.
Desafios ao crescimento
Apesar de estar se tornando rapidamente na maior fronteira do agronegócio brasileiro, o Vale do Araguaia ainda enfrenta grandes desafios. O maior deles é a oferta de energia elétrica, principalmente no que diz respeito à indisponibilidade de carga. “Muitos produtores ainda têm de usar geradores de energia, o que torna o custo de produção muito alto e, para a maioria, inviável”, frisa Darrot.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), Clodoaldo Calegari, afirma que o agronegócio goiano vive no Vale do Araguaia seu novo momento de forte expansão.
“Temos ainda muita terra disponível na região para a agricultura, altamente favorecida pelo seu relevo e abundantes recursos hídricos. Vamos viver um novo crescimento até o final desta década com a conclusão da obra da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), prevista para 2029”, diz.
Expansão da rede elétrica em Goiás
O superintendente de Engenharia e Planejamento da Equatorial Goiás, Roberto Silva Vieira, afirmou durante o evento que a distribuidora tem todo o interesse em expandir a rede de energia elétrica para o Vale do Araguaia.
“Para se ter uma ideia, a demanda desta região por energia cresceu nos últimos cinco anos a uma taxa média anual de 9%, contra a média nacional de 2%. Isto é reflexo direto do crescimento do agronegócio nesta parte do estado”, frisa.
Entretanto, o executivo afirmou que serão precisos investimentos em linha de transmissão de energia. “Não podemos resolver apenas de forma paliativa. O grande gargalo no Vale do Araguaia é que não temos na região uma empresa de transmissão. Em parceria com o governo de Goiás, estamos atuando na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para termos uma solução definitiva, que só acontecerá com o leilão de construção de nova linha de transmissão, previsto para este ano”, afirma Vieira.
O governador em exercício ressaltou que o leilão da linha de transmissão para a região deve ser realizado até outubro deste ano. “Uma vez realizado, vamos concentrar esforços sobre a empresa ganhadora, para que antecipe o seu cronograma de investimentos. A expectativa inicial é que esta linha esteja concluída até 2029, com ponto de distribuição em Matrinchã [noroeste goiano]. Mas o Vale do Araguaia tem urgência e vamos trabalhar forte para anteciparmos esse calendário.”