
A possibilidade de suspensão temporária da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel voltou a ser discutida na última semana, após um pedido de distribuidoras que alegam a necessidade de maior fiscalização e combate a fraudes. No entanto, para o ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho Consultivo da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Francisco Turra, a proposta pode trazer graves prejuízos ao país.
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Turra destacou que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) havia determinado a mistura de 15% de biodiesel ao diesel comum a partir de março, mas a medida não foi aplicada sob a justificativa de que poderia aumentar os custos, inclusive dos alimentos.
“Paralisar um setor por 90 dias é impensável. Imagine o acúmulo de soja na colheita e a falta de ração para aves, suínos, bovinos e ovinos? Isso seria um absurdo!”, afirmou Turra durante participação no telejornal Mercado & Companhia, do Canal Rural.
Impactos negativos e falta de diálogo
Para o ex-ministro, a ideia de suspender a mistura é ingênua e pode comprometer investimentos feitos pelo setor, especialmente em um momento de expansão do mercado de biocombustíveis e de grande visibilidade internacional, com a realização da COP30 no Brasil.
“No momento em que há investimentos e o setor está crescendo, cogitar essa suspensão é inimaginável. Se há problemas, o caminho certo é aumentar a fiscalização, punindo os responsáveis por fraudes, e não penalizar toda a cadeia produtiva”, ressaltou.
Biodiesel não é o culpado!
Turra também destacou que o biodiesel não é o vilão da alta nos preços dos alimentos, como alguns argumentam. Segundo ele, fatores externos, como a gripe aviária nos Estados Unidos e a peste suína africana, tiveram um impacto muito maior sobre os custos da produção agropecuária.
“O aumento dos preços não aconteceu por causa do biodiesel ou do etanol, mas sim devido à crise sanitária que reduziu a oferta de proteínas no mercado global”, explicou.
Diante do cenário, Turra reforçou a importância do diálogo com o setor produtivo e defendeu que o Brasil mantenha sua política de biocombustíveis, garantindo previsibilidade ao mercado e impulsionando a economia sustentável.
Confira a entrevista completa com Francisco Turra no canal do Canal Rural no YouTube.