Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, está guardada a história das raças zebuínas no Brasil, desde sua chegada ao nosso território até os fatos marcantes que transformaram o país num dos principais atores da pecuária mundial . É lá que está erguido, desde 1983, o Museu do Zebu, que preserva materiais raros e preciosos, como imagens dos primeiros animais trazidos da Índia, ainda no século 19.
Na instituição, há tesouros como fotos de Teófilo de Godoy, primeiro brasileiro a atravessar o planeta para buscar o gado indiano. O acervo reúne também depoimentos e cartas de outros importadores, registros genealógicos e documentos exigidos para a entrada dos animais no país.
O gerente do Museu do Zebu, Thiago Recciopo, conta que, a princípio, os bovinos chegavam por meio de mercadores europeus, e, mais tarde, começaram as investidas dos criadores nacionais nessas transações. “Nós temos momentos distintos de importação: o primeiro momento vai até o final do século 19 até 1921; depois, vieram importações em 1930, 1952, 1955, 1958 até 1962”, lista Recciopo.
Os zebuínos começaram a desembarcar no Rio de Janeiro, indo para as fazendas dos barões de café. Com o passar do tempo, o gado foi alcançando outras regiões, como o Triângulo Mineiro. Foi ali que se desenvolveram os touros que formaram a base genética de raças como o nelore no país. O zebu ganhou destaque no cenário nacional e, em 1906, foi realizada a primeira exposição em uma fazenda próxima a Uberaba. Na década de 30, ali foi fundada a Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, que mais tarde se tornou a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), mantenedora do museu.
Toda essa história não está guardada apenas nas paredes do museu, podendo ser acessada também pela tela do computador. Nós últimos anos, mais de cem mil documentos que compõem os arquivos da entidade foram digitalizados e estão disponíveis nas salas virtuais e no Centro de Referência da pecuária brasileira. Há um ano e meio, foi criado um portal que reúne informações históricas e dados zootécnicos sobre o zebu. O endereço eletrônico recebe cerca de 600 mil acessos mensais.
A gerente de pesquisa e desenvolvimento do centro, Aryanna Sangiovani Ferreira, afirma que, além dos dados estatísticos zootécnicos, também estão disponíveis em formato digital todas as revistas da ABCZ e informativos que antecederam a publicação. “Tudo o que se deseja saber sobre o zebu está lá, basta clicar e você passa pelas revistas, é só acessar o acervo que tem muita coisa interessante para ver”.
Anualmente, mais de 2 mil alunos de escolas e universidades visitam o museu. “Quando o pessoal vem aqui, tem oportunidade de ver peças, registros fotográficos e vídeos e ao mesmo tempo visitar o Parque Fernando Costa como um todo, onde você também tem um museu a céu aberto”, diz o presidente do conselho curador da entidade, Dienir de Oliveira Andrade. Ele lembra ainda que, durante a realização da feira anual ExpoZebu, o local se torna uma fonte de informações ainda mais interessante, com a presença de animais de todas as raças zebuínas existentes no Brasil.