Em tom de intimidação, o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou, no sábado, dia 4, a possibilidade de nacionalizar um dos campos de petróleo explorado pela Petrobras e expulsar a empresa do país, caso a companhia brasileira não assine em breve a renegociação de seu contrato.
? Eu me reuni com a Petrobras e chegamos a um acordo muito claro, mas eles estão demorando demais para cumpri-lo. Ou cumprem as exigências ou vão embora do Equador. Não estamos pedindo esmolas, estamos pedindo justiça.
Um porta-voz da Petrobras afirmou que a empresa não foi informada oficialmente da possibilidade de expulsão e, portanto, não vai se pronunciar. A Petrobras entrou no Equador em 1986 ao vencer licitação para explorar os blocos 14 e 17. Hoje, atua também no 18, e suas reservas somam 44 milhões de barris. As operações no país representam 0,5% da produção total da estatal brasileira.
A ameaça contradiz declaração feita por Correa logo após a aprovação de seu projeto constitucional por referendo, há uma semana, quando descartou a possibilidade, contemplada no texto constitucional, de nacionalizar o setor petrolífero do país.
Há duas semanas, Correa anunciou o fim do contrato da Petrobras para a exploração do chamado bloco 31, apesar de a empresa já ter investido US$ 200 milhões no local. Segundo o ministro de Minas e Petróleo do Equador, Galo Chiriboga, a companhia teria encontrado dificuldades em explorar a área, de elevado risco ambiental ? 200 mil hectares do campo de petróleo ficam dentro do Parque Nacional Yasuní, reserva de floresta amazônica.
Já o caso da Odebrecht deverá render novos capítulos. Paralisada desde junho, a usina hidrelétrica de San Francisco, construída pela empresa brasileira no Equador, só deve entrar em funcionamento entre os dias 18 e 20 deste mês, informou Ítalo Centanaro, o presidente da Hidropastaza, controladora equatoriana da hidrelétrica.
O atraso nos reparos ? a previsão era de que as obras fossem concluídas no sábado? deve adiar a revogação do decreto presidencial que arrestou os bens da Odebrecht e mantém dois de seus funcionários impedidos de deixar o Equador.