Quem vai às compras percebe a diferença. O óleo, a batata, o tomate e até mesmo o pãozinho estão mais baratos na maior parte das capitais pesquisadas pelo Dieese.
Se para o consumidor, a queda nos preços é motivo de alegria, para o produtor rural isso só gera preocupação. A crise financeira nos Estados Unidos já afeta a economia de outros países. E, se o preço dos produtos está caindo, dizem alguns analistas, é porque o mundo vai ter menos dinheiro para gastar.
De acordo com o economista Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB), há uma desaceleração geral da economia e, particularmente, de alguns países que eram e que são grandes compradores dos produtos desses países emergentes.
? Conseqüentemente, com a queda dessa demanda, associada à queda do preço da cotação das commodities, o efeito combinado disso acarreta numa perda para os produtores exportadores, que serão apenas parcialmente compensados pela valorização do dólar. Por outro lado, a moeda americana também é um fator de preocupação à medida que passa a se constituir numa moeda de propulsão, de irradiação de aumento de preços internos ? explica.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) diz que o aumento previsto para os preços do arroz, do feijão e da soja se deve ao período de entressafra ? e não diretamente à crise na economia mundial. Mas admite que o valor dos produtos agrícolas no mercado internacional deve sofrer redução.
? Os preços altos não vão mais se concretizar, mas, certamente, nós vamos ter preços melhores do que na safra de 2006/2007. Então teremos preços intermediários. E eu acredito que, dentro desse nível, dá para o produtor brasileiro formar sua safra, produzir e ainda ter sua margem de lucro normal ? afirma o superintendente substituto de Gestão de Ofertas da Conab, Paulo Morcelli.