“Pela alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis, o número de pessoas subnutridas na América Latina e no Caribe chegaria aos 51 milhões”, afiirmou o Observatório da Fome do Escritório Regional da FAO. “Isso representa um retrocesso nos avanços conseguidos entre 1990 e 2005, já que segundo os novos números da FAO, nesse período a população subnutrida na região teria caído de 53 milhões para 45 milhões”, acrescentou o texto.
Segundo o representante da FAO para a América Latina, José Graziano da Silva ? ex-ministro do governo Lula e idealizador do finado programa Fome Zero ? o problema é que avanços conseguidos não se sustentaram.
? Perdemos praticamente 15 anos de esforços em apenas dois anos de alta dos preços ? disse ele.
Embora o documento afirme que os preços dos alimentados começaram descer, as projeções de longo prazo do relatório indicam que os preços para os próximos dez anos continuarão entre 10% e 60% mais altos que na década anterior.
A FAO explicou que, com exceção de Argentina, Paraguai e Uruguai, os países da região apresentam déficit na balança de cereais, o que é mais acentuado na América Central e no Caribe.
Segundo a FAO, para diminuir o impacto nos países da região será necessário articular políticas de emergência com medidas de médio e longo prazo “para assegurar impactos mais sustentáveis e duráveis”.
Entre elas, o documento mencionou medidas de “assistência alimentícia e rede de proteção social, fomento à produção de alimentos da pequena agricultura, aumento do investimento agrícola, e políticas comerciais, e, em particular, a necessidade de retomar a Rodada de Doha” destinada a liberalizar o comércio mundial.
No entanto, o Observatório da FAO destacou que a região beneficiou-se do aumento dos preços de produtos básicos, “pois é exportadora de matérias-primas e da estabilidade macroeconômica e do crescimento nos últimos anos”.
Assim, a FAO prevê que a produção de cereais crescerá em 5,7% este ano, “o dobro da taxa de produção mundial, chegando a 189 milhões de toneladas”.