Seminário em Brasília relembra massacre de Eldorado dos Carajás

Parlamentares, representantes do governo federal e manifestantes criticaram a falta de punição aos envolvidosNo próximo domingo, dia 17, o massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, completa 15 anos. Na operação da polícia militar, 19 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram mortos e, até hoje, nenhum dos envolvidos foi preso. O crime foi lembrado nesta quinta, dia 14, em Brasília, em um seminário na Câmara dos Deputados.

Cruzes de madeira em meio a bandeiras de movimentos sociais representavam os mortos no massacre. Na fala de parlamentares, representantes do governo federal e manifestantes, a palavra impunidade foi a mais citada.

? Foi uma covardia do governo o que foi feito há 15 anos com os trabalhadores. Dezenove pessoas mortas e mais de 50 mutilados, que ainda sofrem as conseqüências até hoje. Nós esperamos que histórias como esta sejam apagadas nas futuras lutas dos trabalhadores do Brasil ? disse o deputado Dionilson Marcon (PT-RS)

Os processos que julgam os acusados pelo massacre de Carajás tramitam desde 1996. De lá pra cá, juízes foram afastados e testemunhas se recusaram a depor porque sofreram ameaças. Os 142 policiais envolvidos na ação foram absolvidos. Os dois únicos condenados aguardam em liberdade por julgamento do Supremo Tribunal Federal.

? É paradoxal, porque nós lutamos pela democracia e lutamos, portanto, para que nos processos judiciais haja o direito de resposta, do contraditório. Paradoxalmente, esse direito tem sido também um instrumento que garante e permite impunidades ? argumenta o secretário executivo da Secretaria de Direitos Humanos, André Lázaro.

O MST luta na Justiça para que a absolvição dos envolvidos seja anulada. O movimento reconhece, no entanto, que a chacina deu visibilidade à reforma agrária.

? Ela (a chacina) fez com que, no nível internacional, houvesse uma pressão para que o governo Fernando Henrique Cardoso, na época, tomasse medidas na construção de políticas públicas para resolver os problemas de assentamentos e acampamentos. Aquele massacre fez com que o governo criasse o Ministério do Desenvolvimento Agrário e houve uma série de conquistas de lá pra cá ? afirma o diretor nacional do MST, João Paulo Rodrigues.