Só no Pará foram 18 mortes. Entre elas, estavam pessoas a espera de um lote ou que, simplesmente, cobravam o pagamento de salários. O Estado também lidera o ranking do trabalho escravo, com 73 casos, flagrado em todas as regiões brasileiras. Foram 204 casos no total, envolvendo mais de 4 mil trabalhadores.
No país, foram registrados 1186 confrontos pelo uso da terra, da água, ou por condições dignas de trabalho. O Nordeste teve o maior crescimento: o número ocorrências saltou de 320 em 2009 para 440 em 2010. Um aumento de 37,5%.
Para Dom Ladislau Biernaski, presidente da CPT, a solução está na reforma agrária.
? A reforma agrária é aquilo que vai atacar na raiz a questão dos conflitos, a falta de paz no campo ? afirmou.
Segundo o relatório, a Amazônia Legal concentra 65% dos casos de violência.
O professor da USP, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, o problema está no campo mesmo.
? Estado, através do governo atual, via programa Terra Legal, está legalizando a terra grilada, até 1,5 mil hectares, na Amazônia Legal. Então, na medida que regulariza, aquele que teve sua terra legalizada se sente no direito e vai dizer: essa terra é minha. Mas nessa terra tem índio, ribeirinho, quilombola, então se instaura o conflito ? afirma.
O documento já foi encaminhado à Presidência da República e será entregue também à Secretaria Especial de Direitos Humanos e aos ministérios do Desenvolvimento Agrário, Minas e Energia e do Meio Ambiente como uma tentativa de mudar a atitude do governo com relação a estes conflitos.