CNA pede maior participação do governo e de tradings no financiamento da safra de soja

Entidade afirma que falta de recursos vai prejudicar resultado da próxima colheitaA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil quer que governo federal e tradings atuem de forma mais efetiva ativos no financiamento da produção de soja diante da crise financeira mundial. Conforme a entidade, a medida é necessária para evitar a redução de recursos disponíveis para o custeio do plantio da safra 2008/2009. Conforme o presidente da Câmara Setorial da Soja, Rui Ottoni Prado, "as tradings deveriam ser mais agressivas, assim como o Tesouro Nacional".

Após cerimônia de instalação da nova câmara setorial do Ministério da Agricultura, realizada nesta quarta, dia 29, Prado comentou o afastamento do financiamento privado das atividades rurais, no qual as tradings respondem por 30% a 40%. Para ele, o crédito oficial deveria ser a principal fonte de recursos para fomentar a agropecuária.

? Quem mais deveria investir no fomento é o Governo, enquanto as tradings poderiam ajudar na comercialização da produção ? enfatizou o presidente da Câmara, que também preside a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).

As críticas à queda do financiamento das tradings foram levantadas pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, que presidiu a instalação da Câmara Setorial da Soja.

? Era necessário maior responsabilidade por parte das tradings, que se afastaram em um momento difícil, pois as nossas perspectivas para esta safra são boas ? argumentou o ministro.
Segundo Rui Prado, as tradings são, hoje, as principais responsáveis pelo financiamento da sojicultura. Como esta fonte de recursos está menos disponível no mercado, diminuirá o uso dos fertilizantes nas lavouras. Como conseqüência, o presidente da Câmara estima queda de 3% na área plantada e de 10% da produção de soja.

? Ficará difícil manter a atual produção ? alertou.

O presidente da Câmara Setorial também prevê redução no atual contingente exportado da soja, que hoje lidera a pauta de vendas externas do agronegócio. De janeiro a setembro, o embarque do complexo soja (grãos, farelo e óleo) totalizou US$ 15,3 bilhões, 71% a mais que no mesmo período do ano passado. Rui Prado informou que uma das primeiras demandas da Câmara Setorial da Soja é reivindicar ao Governo um preço de referência para o projeto de pelo menos R$ 34 por saca de 60 Kg, para que o preço pago ao produtor rural se equipare aos custos de produção. Segundo ele, o atual preço é de R$ 20 por saca.

? Os custos de produção aumentaram muito e o produtor hoje está no vermelho. Por isso vamos pedir ao governo mais crédito e a sinalização de um valor referencial ? explicou o presidente da Câmara.

Conforme Prado, o setor anda apreensivo pelo fato da safra estar na metade do plantio e os recursos anunciados recentemente pelo governo para apoiar a atividade agropecuária não terem chegado ao produtor.