Governo deve anunciar nos próximos dias medidas para mercado de etanol

Produto pode ser considerado agora combustível estratégico e não mais como um mero derivado da produção agrícolaO governo federal deve anunciar nos próximos dias medidas para regulação do mercado do etanol. O produto pode ser considerado agora combustível estratégico e não mais como um mero derivado da produção agrícola. Representantes do setor se reuniram nesta quarta, dia 27, em São Paulo, para discutir as consequências das possíveis mudanças para os produtores, indústria e consumidor.

O evento reuniu empresários, economistas e políticos. A safra da cana e a produção de açúcar e etanol foram os principais temas das palestras realizadas durante o turno da manhã.

Um dos assuntos tratados no encontro foi a possível transferência não só do controle, mas da fiscalização de toda a cadeia produtiva do álcool para Agência Nacional do Petróleo. Esta medida pode ser anunciada pelo governo.

O produto agora deve ser considerado combustível estratégico e não mais como um mero derivado da produção agrícola. A medida tem como objetivo evitar a falta do combustível e a elevação dos preços como ocorreu na última entressafra, entre os meses de janeiro e abril.

As especulações do setor dão conta da criação de estoques reguladores de etanol, cotas de produção e até taxação do açúcar destinado a exportação. Para Antônio de Pádua, diretor técnico da União da Indústria de Cana de Açúcar (Única), já existe controle suficiente.

?Não tem por que. Nós somos mais do que controlados pelo Mapa, por todas as secretarias das fazendas, pelo Ministério da Agricultura, Receita Federal. Você ter mais um agente para participar deste processo, obtendo informação. Isso não altera em nada o processo atual ? afirma.

Para o consultor Plínio Nastari, Presidente da Datagro Consultoria, a centralização por parte da ANP tem tudo para regularizar o setor.

? Ela tem tudo para ser uma medida muito apropriada e de bom efeito porque ela pode ajudar a diminuir o que resta da informalidade no setor que sempre cria uma condição desigual e vai permitir, se for estendida a mesma regra que existe na ANP para contratação de gasolina A. Se esta regra for estendida pelo menos para o álcool anidro vai ajudar muito no planejamento de produção. E a garantia de abastecimento pelo menos do álcool anidro, esperamos também do álcool hidratado ? relata Nastari.

O economista Ricardo Amorim acha que ainda é cedo para saber se as medidas podem ser positivas. Caso haja a mudança, Ricardo afirma que o governo deveria reforçar a infra-estrutura do setor, que segundo ele é precária.

? Uma das coisas importantes que deveria acontecer, quer dizer, já existe uma série de projetos de óleodutos e álcooldutos e isto deveria de fato, esta infra-estrutura, pensando de forma conjunta, neste sentido é muito favorável, cria uma oportunidade de a gente ter formas de escoamentos novas para o etanol o que, por sua vez, pode tornar o produto ainda mais importante na cadeia brasileira ? expõe o economista.

Para tentar atender a demanda e evitar o que aconteceu este ano, a importação do etanol dos Estados Unidos, os produtores estão renovando 35 mil hectares de produção. Quanto à criação de estoques reguladores pela ANP, o presidente da Açúcar Guarani, Jacyr da Costa Filho, acredita deve beneficiar principalmente o produtor.

? O estoque regulador faz parte de uma lei já antiga que existe e não é atendida. A formação de estoques reguladores de combustíveis no caso específico do etanol, a responsabilidade cai em cima dos produtores. Então é uma coisa que eu acho que se viesse seria benéfico para os produtores porque formaria um estoque para segurar o abastecimento.