Mato Grosso: infraestrutura não acompanhou desenvolvimento

Silval Barbosa diz que Estado tem sido penalizado por severas críticas quanto à questão ambientalMato Grosso é um dos Estados que mais cresceram economicamente nas últimas décadas. Com sua economia baseada no agronegócio, passou este ano, pela primeira vez, São Paulo no levantamento do Valor Bruto da Produção (VBP). Levando em consideração os preços cobrados no mercado para as 20 principais lavouras brasileiras, a previsão é que os produtores mato-grossenses recebam R$ 33,2 bilhões pela produção da safra atual.

Eleito para o cargo nas últimas eleições, Silval Barbosa, no entanto, está no comando do Estado desde o primeiro trimestre de 2010. Como vice-governador, ele substituiu Blairo Maggi que deixou o governo para se candidatar a uma vaga no Senado. Além da economia, o governador falou também à Agência Brasil sobre um novo modelo de gestão dos hospitais regionais, da implantação de escolas que aliam o ensino médio à educação profissionalizante.

Governador de um Estado que é referência no mundo pela alta produtividade no cultivo da soja, uma das principais commodities mundiais, Silval aborda o tema da renovação do Código Florestal Brasileiro, em discussão no Congresso.

Agência Brasil – Quando o senhor se elegeu, disse que uma das principais prioridades seria dar um ritmo acelerado ao PAC. Cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado vêm do setor agropecuário, que sofre com a precária logística de transporte do país. Como está a execução das obras do PAC em Mato Grosso? As verbas estão sendo liberadas no momento adequado? As obras previstas contemplam as necessidades do Estado?

Silval Barbosa ? A logística em Mato Grosso não acompanhou o desenvolvimento da economia, especialmente a agropecuária. A partir disso, o custo dos fretes torna a produção não competitiva, o que nos tem obrigado a trabalhar no sentido da verticalização para agregar valor e diminuir o impacto do frete. As obras do PAC no sentido logístico não andaram ainda. Há expectativa de começarem algumas este ano, como a duplicação do trecho rodoviário entre Rondonópolis e Posto Gil, na BR-364. Em outra vertente, a construção da Ferrovia Centro-Oeste vai abrir cenários muito promissores para a logística central e a região nordeste do Estado, com acessos possíveis aos portos de Santarém, de Porto Velho, à Ferrovia Carajás e ao Porto de Itaqui, no Maranhão. Essas obras atenderão parcialmente às demandas do Estado.

ABr – Mesmo tendo sido vice-governador e assumido o cargo de governador há um ano, o senhor identificou ou surgiram desafios novos que devem ser priorizados, além dos três que o senhor elencou quando eleito: dar um ritmo acelerado ao PAC, resolver problemas de água tratada em Cuiabá e Várzea Grande e levar ligação asfáltica a todos os municípios?

Barbosa – Os problemas se renovam na medida em que os anteriores estão sendo solucionados. Sem contar que as demandas são crescentes em Estados como Mato Grosso, onde o crescimento é muito acelerado. As demandas atropelam o governo e enfrentamos o leque das necessidades surgidas, das necessidades em andamento e da demanda que chega. Nenhum governo é igual ao outro. Nosso projeto na área de infraestrutura rodoviária é ambicioso e inclui, também, ligar todos os municípios por pavimentação à capital. São 41 municípios nessa condição atualmente.

ABr – Como o senhor vê as disputas dentro do governo federal e no Congresso em relação às mudanças no Código Florestal Brasileiro? Como governador de um dos maiores produtores de alimentos do país, com destaque internacional, qual é sua a posição sobre o assunto? O Estado é capaz de desenvolver uma agropecuária sustentável protegendo o meio ambiente? O que a renovação do código muda para os produtores matogrossenses?

Barbosa ? Mato Grosso tem sido penalizado por severas críticas quanto à questão ambiental. Corrigimos todos os gargalos como, por exemplo, a produção pecuária e agrícola em área amazônica. Consolidamos uma política ambiental estadual que, além de moderna, é rigidamente fiscalizada. Conseguimos reverter com muita eficiência todos aqueles cenários críticos de dez anos atrás. O novo Código Florestal é bem-vindo e necessário para disciplinar uma série de questões que vão do setor florestal aos setores produtivos do agronegócio. Mato Grosso produz grãos e fibras numa área de 6,8 milhões de hectares e tem um rebanho de 28 milhões de bovinos numa área de 29 milhões de hectares. Neste momento, caminha muito forte uma onda de integração entre a produção de grãos e a pecuária, com expansão sobre as áreas de pastagens degradadas. Não vejo nenhuma contradição entre as regras mais rígidas sobre a produtividade sustentável e as nossas políticas ambientais. Mato Grosso superou nesses últimos dez anos todas os problemas que causavam entraves ambientais.