Valtra diz que China não ameaça no mercado de máquinas agrícolas

Obrigatoriedade do índice mínimo de 60% de nacionalização impede invasão asiática no setorA ampla rede de assistência técnica e de concessionárias desenvolvida em mais de 50 anos no Brasil, bem como a obrigatoriedade do índice mínimo de 60% de nacionalização nas máquinas agrícolas submetidas ao financiamento público impedem a invasão chinesa no setor, na avaliação da Valtra.

? Não é qualquer um que está preparado para atender um cliente às duas horas da manhã, só quem está aqui há muito tempo ? resumiu Paulo Beraldi, diretor comercial da Valtra, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).

Segundo o executivo, as peças mais utilizadas pelos tratores e máquinas agrícolas da Valtra precisam ser fabricadas no Brasil, diante da necessidade de rapidez na substituição.

? Não podemos depender da produção em outros países, temos de ter a peça nas prateleiras das concessionárias ? explicou Beraldi.

Segundo ele, o índice de nacionalização da Valtra chega a 80%, o que enquadra os veículos em programas do governo, como o Mais Alimentos e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

Beraldi admite que o dólar desvalorizado favorece a compra de algumas peças no exterior, mas elas são feitas também em outros países como Índia e Turquia, por exemplo.

Já Jak Torretta, diretor de Produto da AGCO (dona da marca Valtra) na América do Sul, informa que o mercado de tratores chineses é formado na maioria por veículos de baixa potência, entre 30 e 40 cavalos, ao contrário dos brasileiros, o que dificulta a concorrência aqui. Na semana passada, a AGCO anunciou as negociações para a compra de 80% da chinesa Shandong Dafeng Machinery, companhia local de colheitadeiras de grãos.

? O interesse da AGCO é no mercado asiático ? disse Torreta.

Agrishow

Os executivos esperam que o desempenho na Agrishow em 2011, considerado o termômetro dos negócios no ano da companhia, seja ao menos igual ao de 2010.

? O ano passado foi atípico, com vários programas de financiamento com juros baixos e preços fantásticos de todas as commodities ? disse Beraldi.

? Vai ser difícil acontecer novamente, mas achamos que 2011 pelo menos será equivalente a 2010 ? concluiu.