? É difícil aceitar e as indústrias estão reticentes em relação a esse tipo de interferência ? disse hoje Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
Pela proposta, o governo criaria uma linha de crédito para que a indústria retivesse parte do suco processado na recém iniciada safra de laranja. Como o Brasil é maior produtor mundial da bebida, a ação, além de repor os baixos estoques da indústria, poderia elevar o preço internacional do suco e, consequentemente, da fruta paga ao produtor.
? Foi uma demanda levada ao ministro pelos produtores, mas a indústria não quer uma relação tão profunda, uma amarração com o governo ? afirmou o executivo.
A indústria de suco teme, por exemplo, ações do governo de intervenção no setor como ocorreu recentemente com a crise do etanol, cujos estoques reguladores são financiados eventualmente por linhas públicas de crédito. Na avaliação da CitrusBR, o fato de o governo subsidiar essas linhas, com juro abaixo do mercado, daria poder para intervenções na oferta do suco.
? Quem iria controlar esses estoques privados, um técnico do ministério? ? indagou Lohbauer.
Ainda segundo o presidente da CitrusBR, a indústria também teme a avaliação desse tipo de apoio por parte de órgãos reguladores da concorrência e do comércio internacional, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Pelo domínio do suco brasileiro no mercado mundial, com 80% do comércio internacional, e pela concentração da produção em apenas quatro empresas, o setor é envolvido em investigações do Cade em contenciosos da OMC. Polêmicas à parte, a indústria deve ter uma posição ainda na próxima semana sobre a proposta do governo.