Assembleia para definir plano de recuperação judicial do frigorífico Quatro Marcos é suspensa

Justificativa foi a falta de tempo para definir as modificações da estratégia e nova reunião foi marcadaA assembleia geral de credores (AGC) do frigorífico Quatro Marcos, que está em recuperação judicial desde dezembro de 2008, foi suspensa nessa segunda, dia 23, uma hora depois de iniciada. Aprovada por 97,85% dos presentes, a suspensão foi justificada pela falta de tempo para modificação do plano de recuperação judicial.

A proposta, disponível no site do Quatro Marcos, precisa ser avaliada pelos credores, entre eles o fundo de investimento privado (hedge fund) Tudor BVI, detentor de créditos de US$ 39,300 milhões. A dívida total do Quatro Marcos na época do início do processo de recuperação judicial era de R$ 427,869 milhões. Um novo encontro foi marcado para o dia 20 de junho, às 11h, no hotel Panamericano, na região central de São Paulo.

? O que eu tenho registrado é o pagamento de cerca de R$ 14 milhões a pecuaristas, metade do total de R$ 28,3 milhões, R$ 3 milhões a credores trabalhistas e US$ 4 milhões a credores PPE (pré-pagamento de exportação). Mas é necessária a atualização desses valores e quanto falta para pagamento ? afirmou na assembleia o administrador judicial do processo, o advogado Orival Salgado.

Os valores atualizados dos pagamentos efetuados e os que precisam ser quitados serão apresentados na próxima assembleia. Entretanto, um pré-levantamento realizado pela empresa indica que as dívidas atuais chegam a R$ 341,731 milhões.

O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, pede paciência. Para o credor pecuarista, Luiz Miguel da Costa Rocha, o frigorífico deve pedir falência, já que não há indicativos de que a empresa voltará a funcionar.

O diretor do Quatro Marcos, Vanderlei Martim, explicou que a empresa suspendeu os pagamentos, porque não há recursos, tendo em vista não estar operando. Segundo ele, na proposta de modificação do plano, sugere-se a criação de uma empresa Sociedade com Propósito Específico (SPE), a qual deterá todos os débitos do Quatro Marcos.

Também nessa nova versão do plano, a companhia sugere, entre outras ações, a venda da unidade de São José do Quatro Marcos, hoje arrendada à JBS, para pagamento dos credores quirografários (pecuaristas e alguns financeiros) e a utilização dos créditos que o Quatro Marcos possui com a companhia Times, que adquiriu a unidade da empresa em Jales (SP).

Já a quitação dos credores PPE está sendo desenvolvida.

? Não havíamos colocado a unidade de São José para venda e pagamento aos credores porque ela tem um valor sentimental. Foi onde a empresa nasceu. Mas queremos pagar nossos credores e faremos o que for necessário ? disse o executivo, afirmando que já há um comprador interessado na unidade, sem citar o nome. Especula-se no mercado que seria a própria JBS.