As informações constam do “Relatório Anual da Revenda de Combustíveis – 2011”, divulgado nesta quinta, dia 26, pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis). “Considerando-se o bom momento econômico do país, o resultado é péssimo”, destaca o documento, que sustenta que “2010 definitivamente não vai entrar para a história como um bom ano para o mercado de etanol”.
O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, afirmou em palestra, durante a solenidade de lançamento da publicação, que falta álcool porque não tem cana para produzir álcool. Rodrigues demonstrou pessimismos com as perspectivas para esse ano, já que a estimativa é de uma produção similar à de 2010, em torno de 25,5 bilhões de litros de etanol.
? Isso porque haverá no país um ingresso de mais três milhões de veículos ? acrescentou o executivo.
Em 2010, o setor de combustíveis como um todo cresceu 8,4% em relação a 2009. O crescimento superou a expansão de 7,5% da economia brasileira no período. Com o crescimento do setor, a revenda faturou mais 12% em relação a 2009, aí computadas a comercialização de gasolina, diesel, etanol e GLP.
O faturamento no ano passado foi de R$ 223,1 bilhões contra R$ 199,3 bilhões em 2009. O valor do faturamento obtido em 2010 corresponde a 5,4% do PIB brasileiro. Com isso, os governos arrecadaram em impostos um total de R$ 64,2 bilhões enquanto em 2009 a arrecadação atingiu R$ 57,5 bilhões.
A Fecombustíveis espera um crescimento menos vigoroso no consumo de combustíveis neste ano no Brasil. A previsão mais pessimista é creditada à decisão do governo federal de colocar as contas públicas em ordem e afastar as ameaças de disparada da inflação, com corte de R$ 51 bilhões no orçamento federal deste ano.
“Tais medidas devem ter impacto direto no nível de atividade econômica e nas vendas de automóveis, que seguirão crescendo, mas num ritmo inferior ao apurado em 2010”, prevê o relatório anual.
Cartel
O presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, negou que o setor esteja cartelizado.
? Não existe vilão para a alta dos preços. É a estrutura do país. É preciso racionalizar os impostos. A carga tributária é alta ? disse Soares
Por vezes, segundo o dirigente, o comerciante abre mão de sua margem de lucro para vender os combustíveis em valores similares ao vizinho concorrente.
? E nem sempre este vizinho paga impostos ? observou Soares.
Segundo o executivo, a Fecombustíveis não estimula, não participa e não concorda com a combinação de preços. Cada um coloca o preço que quiser, concluiu.