? Não haverá nada de diferente do que ocorre, e os problemas de estoque e de alta nos preços do etanol continuarão a ocorrer nos períodos de entressafra. Se não houver incentivos, ficaremos na mesmice, pelo menos, até 2015. Certamente não haverá oferta para atender a demanda ? disse.
Rodrigues defendeu o controle do consumo do produto no período da safra e a formação de estoques reguladores, como forma de diminuir os problemas de abastecimento e a alta do preço do etanol nos períodos de entressafra.
? A falta de investimentos no setor nos últimos anos para aumentar a oferta de etanol, de maneira que a produção acompanhasse o crescimento da demanda a partir de 2008, vai levar a uma situação nos próximos três anos em que o crescimento da oferta não será suficiente para fazer frente ao avanço esperado para a demanda ? afirmou.
Na avaliação do diretor da Unica, é necessário que o governo desenvolva um planejamento para controlar o consumo no período da safra e incentive a formação de estoques para viabilizar o abastecimento em níveis satisfatórios durante a escassez do produto.
? Esse é um mecanismo que visa a amenizar e não resolver o problema, uma vez que a demanda continuará a ser maior que a oferta, mas não há outro jeito. Contraindo a demanda na safra, evitando que os preços caiam muito neste período, dará maior disponibilidade do produto na entressafra ? relatou.
Segundo Rodrigues, entre 2005 e 2008, o volume de investimentos em novas usinas de etanol girou em torno dos US$ 60 bilhões.
? Desde então os investimentos têm sido escassos, uma vez que não há garantia de rentabilidade. E investidor não bota milhões em projetos para produzir etanol se não houver garantia de retorno do que foi investido. É o mercado, sem garantia de rentabilidade não haverá recursos ? disse.
O diretor criticou, ainda, a política de preços imposta pelo governo à Petrobras e que vem afetando diretamente o setor sucroalcooleiro, uma vez que os custos do setor continuam a subir enquanto o governo mantém comprimido os preços da gasolina nas refinarias a vários anos.
? O produtor tem que repassar seus custos que são cada vez mais crescentes quase que diariamente, e são custos variados que vão desde a mão de obra à energia que é utilizada na fase de produção. Enquanto isso, a gasolina fica com o preço estabilizado nas refinarias da Petrobras por um tempo longo de mais ? afirmou.
Ele participou nessa quinta, dia 26, de seminário promovido pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), no Rio de Janeiro.