O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, é mais otimista e aposta num aumento de 500 mil hectares na área plantada, que foi de 6,4 milhões de hectares na safra passada.
A boa rentabilidade proporcionada pela colheita da safra recorde de 20,5 milhões de toneladas e os altos preços obtidos na comercialização deste ano impulsionaram os negócios relativos à safra 2011/12. Segundo o Imea, os agricultores venderam até maio 18% da produção, que será colhida no próximo ano, e compraram 80% do fertilizante que será entregue nas vésperas do início do plantio.
O ritmo de venda antecipada da safra é recorde. Nas compras de insumos feitas por meio de operações de troca, o preço médio da soja vendida para entrega após a colheita está em R$ 33/saca, valor 41% acima dos R$ 23 observados nas negociações realizadas nos primeiros cinco meses do ano passado.
O levantamento do Imea mostra que nas negociações dos produtores com tradings e revendas de insumos, no acumulado deste ano, a relação de troca ficou em 22,8 sacas de soja para aquisição do pacote composto por fertilizante, sementes e adubo para o cultivo de 1 hectare. Nos primeiros cinco meses do passado eram necessárias 26,9 sacas de soja para comprar o pacote.
A alta do preço da soja proporcionou uma melhora de 23% na relação de troca, apesar do aumento de 8% no preço do pacote de insumos, que passou de R$ 699 de janeiro a maio do ano passado para R$ 775 no mesmo período deste ano.
O maior aumento de preços dos insumos ocorreu para as sementes, que representam 12% do custo operacional de produção da soja. Segundo o Imea, no acumulado deste ano os preços das sementes subiram 35%. Os fertilizantes, que têm participação de 45% no custo de produção, tiveram alta de preços de 15%. Já os preços dos defensivos agrícolas, que respondem por 25% do custo operacional, caíram 12%.
O diretor executivo da Aprosoja, Marcelo Duarte, afirmou que a expansão da área de soja deve ocorrer na conversão de pastagens degradadas. Ele calcula que com o custo de conversão de 26 sacas de soja por hectare e o gasto de 22,8 sacas por hectare com o pacote de insumos, já no primeiro ano o produtor conseguiria quase empatar o investimento, com a colheita de 45 sacas por hectare. Ele estima que no terceiro ano de cultivo o saldo seria positivo.
Um dos fatores que estimulam a conversão de pastagens é a limitação à abertura de novas áreas, em virtude das restrições ao desmatamento e da dificuldade de se obter licenças para a derrubada da mata, de acordo com o direito de exploração de 35% da área da propriedade, estabelecido pelo Código Florestal.
Duarte diz que a lógica econômica seria a abertura de novas áreas para expandir o plantio, mas atualmente em Mato Grosso não existe clima para novos desmatamentos, pois os produtores estão assustados com as ações de controle impostas pelo governo federal, que atua na região norte com o reforço da Força de Segurança Nacional e do Exército.
A alta dos preços da soja e a melhora na relação de troca também afetou o mercado de arrendamento de terras. Duarte afirma que há dois anos as terras em áreas consolidadas eram arrendadas por seis sacas de soja por hectare e no ano passado o valor passou para oito sacas. Para a próxima safra, no caso dos contratos novos, os proprietários estão pedindo dez sacas de soja por hectare.
Um dos casos mais comentados em Mato Grosso ocorreu em Campo Novo do Parecis, onde um produtor arrendou uma área para plantio de algodão e recebeu 20 sacas de soja por hectare. O aumento do valor do arrendamento é outro fator que deve impulsionar a conversão de pastagens em áreas de lavouras.
Marcelo Duarte prevê que a boa rentabilidade obtida neste ano proporcionará um aumento da participação de capital próprio dos agricultores no financiamento da safra. Um levantamento feito pelo Aprosoja no fim do ano passado mostrou que na safra 2010/11 a participação de capital próprio dos agricultores correspondeu a 37% do volume total de recursos utilizados no custeio. Os bancos tiveram participação de 21% e as revendas em conjunto com fabricantes de insumos financiaram 33%. As tradings, que há dois anos respondiam por metade do financiamento da safra, no ano passado responderam por apenas 8,7%.