Uma das primeiras faculdades do Brasil, Esalq completa 110 anos de fundação

Desafio da escola é acompanhar as mudanças e necessidades dos profissionais formados pela instituiçãoNo mês de junho a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) comemora 110 anos de fundação. A instituição, que nasceu da transformação de uma fazenda em uma escola agrícola, já formou mais de 12 mil profissionais.

A história da escola começou em novembro de 1892 quando seu idealista,  Luiz Vicente de Souza Queiroz, um homem de posses, resolveu doar ao governo do Estado de São Paulo a sua fazenda para que fosse instalada uma escola agrícola, que foi aberta em 1901.

Seis anos depois foi construída a sede. O edifício, em estilo neoclássico, foi projetado por um arquiteto inglês, onde atualmente funciona o gabinete do diretor, José Vicente Caixeta Filho, e a sede administrativa da Esalq. O prédio tem quase cinco mil metros quadrados. Fica de frente para um grande parque, onde estão os restos mortais do fundador da escola e da esposa dele, Ermelinda Queiroz. No interior do prédio há quadros das primeiras turmas de agrônomos formados pela instituição. O professor Evaristo Marzabal, que foi diplomado em 1966, entrou na Esalq com 20 anos de idade e não saiu mais.

? Quando eu entrei, fiquei maravilhado com este parque, com tudo. Vi o prédio, com sua imponência. O bonde chegou, desci e falei, é aqui que eu vou me formar.
 
O aluno Evaristo virou professor e diretor da Esalq, estando à frente da instituição de 1995 a 1999.  Uma das primeiras faculdades do Brasil, a instituição já formou 12,7 mil profissionais. A Universidade de São Paulo (USP) surgiu a partir desta instituição e de outras sete que já existiam no Estado. Por ano, a escola recebe quase 400 alunos matriculados em 21 cursos de graduação e pós-graduação.
 
?Todas áreas são compreendidas pelas ciências agrárias. São departamentos, ou mais de um departamento que se encarrega da formação deste profissional. Do cerne deste profissional que poderá também adicionar as disciplinas oferecidas por outros cursos ? explica a vice-diretora da Esalq, Marisa Regina d’Arce.

O perfil dos alunos nas salas de aula hoje é diferente de 50 anos atrás. A maioria mora nas cidades. O perfil dos profissionais também é outro, lembra a vice-diretora, que assumiu a função há pouco mais de quatro meses. O desafio da escola é acompanhar estas mudanças.
 
? Nós temos que formar profissionais que, conforme as suas habilidades, o seu perfil pessoal, possa se dirigir tanto pra academia como instituição de pesquisa , como também ir direto ao campo, direto ao setor comercial.

No terceiro ano do curso de agronomia, Fernando Uchiyama é um dos poucos alunos que tem origem no campo (seu pai é fazendeiro em Mato Grosso do Sul)
e diz que não foi por acaso que ele escolheu este lugar pra estudar. 

? Só pelo nome da escola já é diferenciado. É orgulho para mim e para todo mundo que faz Esalq estar aqui, estudar e honrar este nome.

Roberto Rodrigues, que já foi secretário de agricultura no Estado de São Paulo e ministro do governo Lula,  é um engenheiro agrônomo formado na Esalq. Ele é da turma de ouro, como faz questão de dizer. Hoje trabalhando como coordenador  do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, lembra os tempos de faculdade e fala da Esalq com orgulho e gratidão. O ministro, como muita gente ainda o chama, diz que a decisão de estudar na instituição deu a ele mais que uma formação profissional.   

? Ela é a continuação do lar. No lar a gente recebe as informações básicas, dos pais da gente. Do pai e da mãe a gente recebe a informação básica sobre a vida, caráter, personalidade, honestidade, transparência. Isso a gente aprende em  casa. Mas a escola consolida isso e transforma estas características no horizonte do compromisso com o coletivo. Então a escola de Piracicaba é muito mais do que uma universidade com a formação acadêmica. É uma escola de vida extraordinária ? declara Rodrigues.