Em coro, deputados, cooperativas e agricultores familiares disseram que o Brasil não está preparado para cumprir a nova exigência, que prevê uma redução de 87% no número de bactérias.
? Para melhorar a qualidade do leite, o primeiro investimento é tratar com mais respeito o produtor, remunerá-lo de maneira adequada e educá-lo a produzir um produto que realmente seja o correto consumir ? disse o deputado federal e presidente da Subcomissão do Leite, Domingos Sávio (PSDB-MG).
Para o deputado federal Marcon (PT-RS), se essa portaria entrar em vigor, de 60% a 70% dos agricultores familiares vão ter que desistir de produzir.
? Isso vai aumentar ainda mais o êxodo rural ? declarou Marcon.
Para a cordenadora-geral da Fetraf, é importante que se discuta a suspensão da normativa.
? Para nós é importante, nesse momento, fazer um debate de suspensão dessa normativa, nesse formato. A gente rediscutir a questão e tratar a agricultura familiar de forma diferenciada, porque ela tem uma dinâmica diferenciada da grande produção e ela precisa de apoios logístico e técnico, para que de fato possamos continuar produzindo ? falou Elisângela Araújo, cordenadora-geral da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf).
Apesar do apelo de vários setores, o representante do Ministério da Agricultura disse que a Instrução Normativa vai entrar em vigor no dia 1º de julho, mas, simultaneamente, um Grupo de Trabalho será criado para avaliar se a norma poderá ou não ser alterada.
? Nada vai ser punitivo nesse momento? Nenhum produtor vai ter o leite recusado? Eu não posso falar nesse momento porque eu não estou autorizado a falar. O que eu posso falar é o seguinte: a partir de 1º de julho, ela entra em vigor. Até agora, essa é a posição do governo. Após 1º de julho, o Ministério da Agricultura estará disposto à discussão com todos os elos da cadeia produtiva do leite para chegar a uma melhor meta para o leite brasileiro ? concluiu Marcius Ribeiro de Freitas, coordenador-geral de Inspeção do Ministério da Agricultura.