Após prejuízos, Smithfield Foods lucra com alta de preços de suínos

Lucro ajustado da empresa superou expectativas dos analistasA companhia norte-americana de carnes Smithfield Foods saiu de prejuízo para lucro no quarto trimestre fiscal, com forte demanda para exportação de suínos e alta recorde dos preços no varejo. A Smithfield registrou lucro recorde para o quarto trimestre fiscal e para o ano fiscal.

No período encerrado em 1º de maio, a empresa lucrou US$ 98,4 milhões, ou US$ 0,59 por ação, ante prejuízo de US$ 4,6 milhões, ou US$ 0,03 por ação, no mesmo período do ano anterior. O lucro ajustado da Smithfield superou as expectativas dos analistas e a companhia revelou um novo plano de recompra de ações de US$ 150 milhões.

Excluindo encargos com pagamento da dívida, reestruturação e impactos com derivativos no ano anterior, o lucro subiu para US$ 0,85 por ação, ante US$ 0,18 no mesmo trimestre do ano passado. A receita aumentou 7,1%, para US$ 3,12 bilhões, puxada pela elevação dos preços médios de venda e da alta dos preços de mercado dos suínos.

Analistas consultados pela Thomson Reuters previam lucro de US$ 0,85 e receita de US$ 3,23 bilhões. A margem bruta aumentou de 6,2% para 14,7%. A companhia afirmou que continua repassando com sucesso para os consumidores o aumento das despesas com milho. Ela espera que as operações com produção de suínos permaneçam lucrativas ao longo do próximo ano.

O lucro da companhia no trimestre foi impulsionado por margens de lucro sem precedentes nas operações com suínos in natura, segundo o executivo-chefe da Smithfield, Larry Pope.

O fechamento da fábrica de processamento de Sioux City (Iowa), em abril de 2011, apertou a oferta para toda a indústria, elevando os preços. Enquanto isso, as exportações seguiram firmes, especialmente para a Ásia. Embora a economia dos Estados Unidos enfrente dificuldades atualmente, despertando preocupações com a demanda doméstica por suínos, varejistas ainda estão obtendo grandes retornos nas vendas da carne de porco.

A firme demanda para exportação garantiu um mercado para os suínos independente dos consumidores domésticos do país. A indústria dos Estados Unidos atualmente exporta cerca de 25% dos suínos produzidos no país.

? Acredito que, em meu tempo de indústria, nunca vi margens nesse nível por esse período de tempo ? comentou Pope.

Os preços dos suínos no varejo atingiram máxima recorde em maio, pelo segundo mês consecutivo, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgados nesta semana. A Smithfield registrou queda de 20% no lucro de suas operações com carnes embaladas, enquanto o volume de vendas caiu 2%.

Pope declarou que, embora a queda de volume seja uma preocupação, o declínio se deveu principalmente a prejuízos em seus negócios de margem menor, de empresas de marca própria. As marcas da Smithfield continuam crescendo, segundo Pope, e a companhia deve expandir as vendas para o consumidor em 18% no novo ano fiscal.

O patrimônio da Smithfield aumentou bastante nos últimos dois anos, conforme reduziu custos, pagou dívidas e viu os preços de suas ações quadruplicarem. Pope declarou nesta quinta, dia 16, que continua interessado em adquirir participação majoritária na espanhola Campofrio, maior companhia de carnes embaladas da Europa, apesar de ter abandonado sua oferta no início do mês. Entretanto, preocupações com a economia europeia levam a Smithfield a manter certa cautela.

? Não vejo nada no curto prazo que me faça voltar à mesa ? acrescentou Pope.

Atualmente, a companhia tem participação de 37% da Campofrio e pretendia adquirir mais 50%.