É uma arte contemporânea, que faz refletir sobre o consumo desregrado, em um país onde apenas 8% dos municípios, dos mais de 5 mil do país, têm coleta seletiva.
? As pessoas jogam um papel no lixo e pensam que isso não tem valor, vai desaparecer. Na verdade, são bilhões e bilhões de reais jogado na lata de lixo todos os dias ? diz Muniz.
O trabalho do artista viajou o mundo por meio do filme Lixo Extraordinário. O documentário retrata o trabalho de Muniz, o processo de fotografias das formas construídas e a relação do artista com os catadores do lixão do Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Esses profissionais doaram ao artista os objetos usados nas figuras montadas que aparecem no filme e ajudaram, inclusive, na montagem.
? O filme trouxe ao imaginário popular uma imagem diferente do catador, é uma classe profissional. A função dele é justamente fazer o que não fazemos em casa, separar o lixo ? afirma Muniz.
Para ele, a arte não é muito diferente da reciclagem.
? Você está aproveitando elementos do dia a dia, coisas comuns que já perderam o valor para a nossa atenção e a arte valoriza, transforma, coloca significado, para que elas possam ser vistas novamente, para que possamos visitar a nossa própria ideia de existência. Afinal, o artista é um catador ? compara.
O artista plástico já trabalhou com ingredientes tão inusitados como ketchup, açúcar e calda de chocolate, gel para cabelo e outros. Sobre a reação do público, ele disse que contribui para aprimorar o trabalho.
? O artista só faz metade do trabalho, a outra parte é feita por quem vê a obra ? afirma.
Além dos painéis com cenas do filme, também está em Brasília a exposição Vik Muniz em 3D, até o dia 14 de agosto, no Espaço Cultural Contemporâneo (Ecco). São mais de 60 obras em duas séries de momentos distintos de sua carreira, o início, chamado de Relicário, e a fase atual, chamada de Verso. Quem comparecer à exposição também vai ter a oportunidade de assistir ao documentário Lixo Extraordinário.