Os dados são parte do estudo Energia e Competitividade na Era do Baixo Carbono, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o trabalho, a capacidade do sistema hidrelétrico de estocar água no período úmido para suportar o período seco cairá dez pontos porcentuais até o fim da década, de 41% para 31%. Segundo a CNI, no passado os reservatórios conseguiam aguentar até dois anos com períodos secos mais severos. Hoje, esse tempo está na casa de um ano e tende a piorar com as usinas em construção e o aumento do consumo interno. Até 2007, a relação entre o tamanho dos reservatórios e a potência das hidrelétricas era de 0,51 quilômetros quadrados por megawatt. Nas novas usinas, esse número é de 0,06 quilometros quadrados por megawatt.
? Sem reservatórios, não aproveitamos todo o potencial hídrico do país. Só aproveitamos as quedas de água. Quem vai pagar é a sociedade ? avalia o vice-presidente da CNI, José de Freitas Mascarenhas.
Ele destaca o caso de Belo Monte, que terá capacidade de 11.233 MW, mas vai gerar 4.571 megawatt médios. No período chuvoso, a usina produzirá na capacidade máxima. Mas, na seca, a produção poderá cair para meros 690 megawatt médios por causa da falta de reservatório. A usina vai gerar conforme o regime hidrológico da região. Para se ter ideia, a quantidade de água no mês mais úmido do Rio Xingu é 25 vezes maior do que no mês mais seco, segundo a CNI.
A solução para contornar o problema, que foi criado para resolver o problema dos impactos ambientais, é diversificar as fontes de energia, avalia o professor da UFRJ, Nivalde Castro. Hoje, 75% da matriz brasileira é hídrica e 15%, térmica. O restante vem de usinas eólicas, nucleares, de biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Para Castro, o Brasil não pode renunciar às hidrelétricas, mesmo que elas sejam construídas sem reservatórios.