Na conversa com a jornalista Alessandra Mello, Batista rebateu as críticas que vem recebendo sobre a alta concentração no setor de frigoríficos exportadores. Segundo ele, a história tem provado que a partir do momento em que se criam empresas maiores, pode-se ver o preço do boi nos níveis mais altos da história.
? Hoje, o boi brasileiro está melhor remunerado que o boi americano. Eu não tenho nenhuma dúvida de que a concentração tem um papel importante. A história prova que quanto mais concentrado, melhor ? disse Joesley.
Para o empresário, se uma série de frigoríficos pequenos chegarem ao importador europeu, por exemplo, eles provavelmente vão ficar brigando, baixando preço para vender mais barato, e isso pode fazer com que se pague mais barato pelo boi.
? Quando você concentra a indústria, e o produtor prefere ter um representante forte, com acesso internacional, é mais fácil. Ou será que ele seria melhor representado se tivesse um monte de pequenos frigoríficos sem poder de negociação com seus clientes? ? questionou Joesley.
Joesley comentou, ainda, a polêmica envolvendo o apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para a construção da Eldorado Celulose e Papel, em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. A unidade, que deverá entrar em operação em novembro de 2012, será a maior fábrica de celulose do mundo, com uma produção de 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose branqueada de eucalipto.
? O BNDES tem tido papel fundamental na internacionalização das empresas brasileiras, e nós somos uma das empresas. O BNDES tem investimentos em mais de 500 empresas, não somos os únicos privilegiados. O projeto da Eldorado Celulose é de R$ 6,7 bilhões, na qual o BNDES está financiando R$ 2,7 bilhões, menos de 50% do financiamento total ? observou ele.
O empresário diz que muitas pessoas questionam se sua empresa tem alguma facilidade junto ao BNDES. Segundo ele, o projeto da Eldorado Celulose está sendo discutido há dois anos, e não foi de uma semana para outra que teve o pedido de investimentos aprovado.
? Todo empresário que tem um bom projeto de forma absoluta e simples, que tiver acesso à internet, que fizer uma carta-consulta e der entrada no BNDES, pode ter certeza que vai ser estudado e atendido ? falou Joesley.
Sobre o segredo do sucesso da empresa JBS e da Holding J&F, ele diz que o principal é trabalhar e se dedicar àquilo que gosta.
? Cada dia mais eu me convenço que não tem segredo. Se dedicar, fazer o que gosta, se juntar a pessoas que também gostam do que fazem, Nosso projeto é audacioso, mas por outro lado, nós temos mostrado ao mercado que, apesar da velocidade dos investimentos, nós somos uma empresa experimentada, pois passamos por vários momentos difíceis. Nós somos uma empresa que começou pequena, que vem crescendo. O segredo do sucesso é trabalhar bastante, de forma reta, sem pegadinhas, tem que trabalhar ? concluiu o empresário.
Confira a entrevista na íntegra:
As empresas
Além de presidir o Conselho do Grupo JBS, Joesley Batista lidera também a Holding J&F, que comanda um conglomerado de cinco grupos e mais de 50 marcas em diversas áreas como higiene e limpeza, lácteos e couros, além de operações nas áreas florestal, papel e celulose.
O frigorífico JBS, maior empresa da holding J&F, tem 125 mil funcionários espalhados por unidades industriais, escritórios e centros de distribuição em 20 países. Fundada pelo pecuarista goiano José Batista Sobrinho a partir de um pequeno frigorífico em Anápolis (GO), a JBS é dirigida pelos filhos Joesley Mendonça Batista, presidente da holding, e Wesley Mendonça Batista, diretor executivo (CEO) da JBS.
Em 2010 a JBS abateu 15 milhões de cabeças de gado e registrou receita líquida de R$ 55 bilhões, dos quais R$ 35 bilhões se referem a operações com carne bovina.