Setor produtivo comemora prorrogação do prazo para adesão à renegociação das dívidas

Lideranças rurais, entretanto, não acreditam em grande percentual de adesãoO setor produtivo comemorou a prorrogação do prazo de adesão à renegociação das dívidas agrícolas que venceria nesta sexta, dia 14, para 12 de dezembro. No entanto, as lideranças rurais ainda não sabem dizer se a proposta do governo de criar uma linha de crédito para refinanciar as dívidas de investimento pode beneficiar os agricultores.

A decisão do governo motivou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) a preparar informativos para orientar os produtores.

? A CNA está, no momento, ultimando um software, uma cartilha, um material específico para auxiliar nos cálculos dessa renegociação, de tal forma a ampliar a tomada de decisão para os nossos produtores rurais ? explicou o superintendente-técnico da confederação, Anaximandro Almeida.

No entanto, nem a CNA nem a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) acreditam que a extensão do prazo vai estimular um percentual grande de produtores a comparecer às agências. Até a semana passada, o Banco do Brasil, que trabalha com 140 mil operações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), ainda aguardava o comparecimento de 40 mil agricultores nas agências.

? Eu não tenho muita esperança de que nós vamos ter um sucesso com essa prorrogação de 30 dias. Eu acredito que devemos ter aí mais 10% ou 15% de adesão, o que é importante ? diz o presidente da Contag, Manoel Santos.

Os produtores consideraram interessante a idéia do governo de criar uma linha de crédito que permita o refinanciamento das parcelas das dívidas de investimentos que venceram este ano ou que ainda estão para vencer. A proposta prevê uma linha com juros 0,5% acima das taxas atuais de financiamento, que oscilam de acordo com cada linha de crédito. Para as lideranças do setor rural, no entanto, ainda é cedo para dizer se de fato a medida vai beneficiar os agricultores.

? A gente tem que avaliar as demais condições, taxas de juros, prazo de carência. Então, isso pode agregar sim ? avalia Almeida.

A medida ainda está sendo finalizada pelo governo e precisa do aval do Conselho Monetário Nacional (CMN). Para o presidente da Contag, o refinanciamento deveria atender apenas os agricultores familiares.

?Se incluir a agricultura familiar, mesmo assim, nós entendemos que o tratamento igual dos diferentes não é justo. E se for só para a agricultura empresarial, aí seria mais injusto ainda.