Suinocultores de Mato Grosso começam a reduzir plantéis

Diferença acentuada entre o custo de produção e o valor de comercialização dos animais é o principal motivoA suinocultura em Mato Grosso está ameaçada. O setor enfrenta uma forte crise, causada pelos altos custos de produção e agravada pelos embargos da Rússia e da Ucrânia. Produtores pedem socorro urgente e já começam a reduzir os plantéis para tentar se manter na atividade.

Na última década, a produção de suínos em Mato Grosso cresceu. O número de leitões prontos para o abate pulou de 650 mil para quase 1,5 milhão por ano, transformando o Estado em um dos principais produtores do país. Porém atualmente, o setor passa por uma grave crise, que pode comprometer toda a atividade. A diferença acentuada entre o custo de produção e o valor de comercialização dos animais é o  principal motivo.

Desde janeiro, o suinocultor gasta pelo menos R$ 2,15 por quilo produzido. Mas na hora da venda recebe bem menos que isso. A média era de R$1,7 por quilo no começo de 2011. Atualmente caiu para R$1,4.

Além deste descompasso, a suinocultura também amarga os reflexos dos embargos anunciados pela Rússia e Ucrânia. Com o bloqueio das exportações e o consequente aumento da oferta no mercado interno, a ameaça ao futuro do setor ficou ainda maior e elevou a preocupação da classe produtora.

O proprietário de uma granja em campo verde, Raunilo Machado é um dos pioneiros da suinocultura na região. Ele afirma que este é o momento mais difícil que enfrentou na atividade. Para tentar minimizar o problema passou a enviar animais mais leves para o abate. Mesmo assim, as perdas passam de R$ 700 mil.  A próxima medida é reduzir ainda mais o número de matrizes, que começaram a ser descartadas.

? Reduzi 20% do plantel, diminui o tempo de abate, com isso o estoque está indo embora. Desta forma não conseguirei me manter por mais seis meses na atividade ? desabafa.

Para a Associação dos Criadores (Acrismat), o cenário é caótico. O diretor-executivo da associação, Custódio Rodrigues, lembra que a logística precária também agrava a situação. Segundo a Acrismat, a demora em encontrar soluções pode pôr em risco a sobrevivência da suinocultura no Estado.

? É uma situação muito caótica, faz praticamente 10 anos que estou na Acrismat e nunca vi situação como esta, não há expectativa de mercado a curto prazo. Se não houver resposta rápida a atividade vai sucumbir ? esclarece.

Na semana passada o governo de Mato Grosso reduziu em 26% o valor usado como base para o cálculo do ICMS. O setor considera a medida insuficiente para minizar os prejuízos. Nesta quarta, dia 29, representantes da cadeia produtiva estarão na Câmara Federal, em Brasília. Eles devem apresentar o cenário preocupante e cobrar apoio para a atividade.