Na usina BS Bios, que abrange cerca de cem municípios da região de Passo Fundo (RS), a área processada deve quintuplicar neste ano ante os três mil hectares iniciais de 2007. Tudo graças ao trabalho e investimento de 350 produtores. Na região Sul, a empresa espera alcançar 25 mil hectares em 2011.
? O potencial é gigante, pois precisaremos de 200 mil hectares só no norte do Estado e não chegamos nem a 10% disso ? diz o coordenador do departamento de fomento da BS Bios, Fábio Júnior Benin.
O coordenador ressalta que o incentivo da usina à canola não visa consolidá-la como substituta do trigo e outras culturas, mas aproveitar a grande área ociosa da safra de inverno. Segundo o coordenador, a garantia de venda, o domínio tecnológico, o clima favorável e o baixo custo de produção têm contribuído para o avanço.
O produtor Beno Afonso Lütkemeyer, após duas décadas semeando trigo na lavoura no interior de Ernestina, no norte do RS, cansado da instabilidade do mercado e seduzido pela possibilidade de reduzir custos e incrementar o lucro da safra de inverno, decidiu trocar o trigo pela canola.
Em 2010, experimentou a oleaginosa em 35 hectares. Sem muitos investimentos, o resultado foi satisfatório. Um ano depois, porém, quadruplicou a área e projeta atingir média de 35 sacas por hectare, quase o dobro do obtido na safra anterior. Se alcançar a meta, projeta lucro de 50%:
? O trigo me dava muito trabalho e pouco resultado. Espero mudar essa história.
Segundo o produtor, que também desistiu da cevada após oito anos, a canola é mais consistente por ter valor agregado. Com venda garantida da safra com a BS Bios, Lütkemeyer sonha alto. Em 2012, já pretende ampliar a área para 200 hectares.
No entanto, é preciso cautela, recomenda o assistente técnico em agroenergia da Emater, Alencar Rugeri. Para o especialista, a canola deve integrar um mecanismo de rotação de culturas na propriedade. Assim, há mais segurança e diferentes alternativas de renda, o que evita eventuais contratempos, principalmente climáticos.
A expansão do cultivo também passa pela criação, em 2010, da Associação Brasileira dos Produtores de Canolas (AbrasCanola). Com sede em Passo Fundo, a entidade tem cerca de 25 associados e pretende aumentar o quadro por meio de ações, projetos e parcerias que promovam capacitação técnica, difusão de tecnologias e fomento.
? O crescimento da associação contribuirá para desenvolver a canola no país ? ressalta o presidente da AbrasCanola, Erasmo Carlos Battistella.